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É inegável que a relação com os peludos e a função que eles passaram a ocupar nas vidas das pessoas se transformou ao longo do tempo

Mãe de pet existe? Entenda por que o tema é polêmico!

O debate traz dois questionamentos centrais: o que é ser mãe e qual a posição dos animais atualmente nas famílias brasileiras

No segundo domingo de maio, fotos e homenagens ao Dia das Mães lotam as redes sociais, uma foto com a hashtag “mãe de pet” na legenda é o suficiente para desencadear a polêmica. Mas, afinal, por que o termo é tem tantas critícas?

O debate traz dois questionamentos centrais: o que é ser mãe e qual a posição dos animais atualmente nas famílias brasileiras. Porém, antes de tentar respondê-los, é preciso entender a diferença entre questões individuais e debates coletivos. Isso porque a problematização acerca do termo vem, na verdade, da invisibilização da figura materna e das dores envolvidas neste processo. O problema não é chamar o pet de “filho”, e sim não compreender a diferença entre os dois cenários.

É inegável que a relação com os peludos e a função que eles passaram a ocupar nas vidas das pessoas se transformou ao longo do tempo, o que aumenta a percepcão de que são quase membros das famílias das casas em que vivem.

“O ser humano se afeiçoa aos bichos porque eles também se apegam rapidamente a nós. Além disso, são capazes de oferecer o que muitos não encontram em outros lugares – afeto, companhia, reciprocidade e lealdade. Este contato pode acabar, sim, remetendo a um amor entre mãe e filho”, esclarece Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica.

Isso acontece, principalmente, quando os tutores humanizam os animais. Assim, ao invés de vistos como ‘mascote’, eles passam a ter tratamento como gente.

“É um problema quando criamos expectativas em cima dos pets diante de uma carência excessiva, procurando por algo que não pode ser oferecido pelas espécies. Eles brincam, esperam por seus tutores, mas não agem, não falam e não substituem a figura de outro humano”, afirma Vanessa.

Diferença entre as responsabilidades

Giovanna Oguma, mãe de Laura Kali, também é tutora da gata Maria. Com a chegada do bebê em casa, sentiu na pele a diferença entre as responsabilidades envolvidas na criação de uma criança e de um bicho.

“Nenhuma ‘mãe de pet’ tem julgamento e condenação por suas ações. Elas não se sentem só, excluídas e não deixam de fazer coisas comuns por terem um animal em casa. Essa realidade enfrentada por nós, mães de humanos”, explica.

Ainda que às vezes chame a gata de filha e brinque sobre a relação de irmandade entre Maria e Laura, tudo não passa de uma diversão entre a família de Giovanna.

“Ser responsável por um ser humano não é somente mantê-lo vivo, feliz, saudável e alimentado. Criar uma criança é moldar o futuro, ela será a responsável pelo amanhã. Minhas ações vão impactar em quem minha filha será. E não é instintivo, é preciso estudo. No final das contas, os animais são excelentes companheiros, exigem tempo, precisam de atenção, cuidado e amor, mas tê-los em casa não altera seus planos de vida e, o mais importante, não muda como você é enxergada pelo mundo”, relata.

Ela ainda desabafa: “Como tutora, você sempre será vista primeiro como mulher. Quando se é mãe, a maternidade fica em primeiro plano”.

Mãe de pet?

Bianca Barroca, por outro lado, adotou seus cães em março de 2021 e não tem filhos. Os pets Tiaguinho e Florzinha chegaram em um momento crucial, quando a criadora de conteúdo passou por um processo de amadurecimento intenso após mudar-se para uma casa em Peruíbe (SP), onde começou a cuidar da sua saúde mental.

Porém, apesar de toda conexão e amor envolvido na relação com os seus pets, Bianca não se vê como mãe, mas sim como tutora. “Me intitular ‘mãe de pet’ e assumir esse papel, humaniza meus cães. Eles não possuem gostos, objetivos e necessidades humanas. Tiaguinho e Florzinha são cachorros e eu tenho ciência disso”, explica.

Para ela, se enxergar como tutora é mais saudável para si e para os pets. “Me faz entender melhor as necessidades deles. Preciso garantir segurança, mantê-los felizes, limpos, bem cuidados e cumprir outras funções que tomam tempo, mas não sou mãe, não sei como é e não posso usá-los para vivenciar a experiência materna. Se um dia quiser adotar um filho, eu vou. E isso será completamente separado da minha vivência com eles”, finaliza.

Fonte: vidadebicho