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A jovem se voluntariou para a terapia contra lúpus, aplicada por médicos da Universidade-Hospital Erlangen, na Alemanha

Lúpus: Paciente é curada após terapia imunogenética experimental

Thu-Thao optou pela terapia como último recurso de tratamento em março, após quatro anos lutando contra a doença

A jovem Thu-Thao de 20 anos recebeu a maravilhosa notícia que está completamente curada de lúpus, após passar por uma terapia imunogenética experimental na Alemanha.

A paciente optou pela terapia como último recurso de tratamento em março, após quatro anos lutando contra a doença.

O estudo do caso saiu no periódico The New England Journal of Medicine. Com os resultados de Thu-Thao, abre-se uma oportunidade para curar outros pacientes.

O tratamento experimental para lúpus

A jovem se voluntariou para a terapia, aplicada por médicos da Universidade-Hospital Erlangen, na Alemanha.

A terapia imunogenética experimental é usada, dessa maneira, para tipos mais agressivos de câncer e, pela primeira vez, foi aplicada no combate ao lúpus.

Os médicos coletaram, portanto, as células T da paciente e fizeram a modificação genética em laboratório. Com isso, as células passam a destruir, ou inativar, as células B do corpo, que são responsáveis pela doença.

Lúpus eritematoso sistêmico (LES)

Thu-Thao foi, portanto, diagnosticada com lúpus eritematoso sistêmico (LES), aos 16 anos. De lá para cá, ela usou diversos medicamentos e tratamentos, até conhecer a nova terapia.

No caso do LES, os linfócitos B passam a produzir anticorpos contra as células do coração, rins e da pele, principalmente.

A doença a impedia, por exemplo, de praticar atividades físicas, devido a dores nas juntas e palpitações. Em muitos casos, no entanto, o lúpus pode ser fatal.

Pratica esportes

Mas Thu-Thao conta que agora, seis meses após a terapia, ela pode voltar a rotina de antes da doença.

Ela já pratica esportes, dorme melhor e teve uma diminuição significativa das palpitações e retenção de líquidos. E o melhor: de acordo com os médicos, ela não apresenta nenhum sinal de reincidência da doença.

Com os resultados obtidos em Thu-Thao, agora os médicos querem iniciar testes clínicos para o tratamento em pessoas com lúpus sistêmico.

Como funciona a terapia imunogenética experimental

A terapia imunogenética usada no caso de Thu-Thao V, originalmente, tem sido usada para combater tipos agressivos de câncer, como leucemias e linfomas. O Receptor Quimérico de Antígeno de células T (do inglês, chimeric antigen receptor T-cell ou CAR T cell) se baseia em modificar geneticamente as células T de um paciente.

Ou seja, os médicos coletaram as células T (também parte do sistema imune) da jovem, e as editaram geneticamente no laboratório. Essa edição tem por objetivo fazer com que estas células passem a destruir ou inativar um alvo específico no corpo.

Como Thu-Thao V tinha um tipo de célula B que estava causando o lúpus, os pesquisadores programaram as células T para atacar as parentes disfuncionais. Assim, as células B com anticorpos autoimunes passavam por uma inativação pelas células T geneticamente modificadas.

Evidentemente, o processo todo parece mais fácil do que realmente foi. Mesmo os médicos afirmam, em uma declaração, que a aplicação da técnica foi um último recurso, já que nada mais havia funcionado.

Testes clínicos

Com os resultados impressionantes obtidos, por conseguinte, a equipe de médicos e pesquisadores agora busca iniciar testes clínicos para o tratamento em pessoas com lúpus sistêmico. Essa doença, aliás, atinge principalmente mulheres jovens e é considerada pouco incidente na população, com uma média de 50 casos a cada 100.000 pessoas no planeta.

Mesmo com a baixa incidência, contudo, os médicos de Thu-Thao V afirmam que novas terapias são essenciais para a doença, que pode causar problemas significativos na qualidade de vida e na saúde de um paciente.

O estudo de caso está disponível no periódico The New England Journal of Medicine.

Ft: diariodaamazonia/socientífica