Previsão foi apresentada por analistas da Consultoria Agro do Itaú BB, em estudo sobre as perspectivas para a safra 2024/2025
A lavoura de arroz deverá avançar sobre as terras dedicadas à soja no Rio Grande do Sul, na safra 2024/2025. A motivação para a decisão estaria nos preços. Para os produtores gaúchos, com sérias dificuldades de caixa, o preço da oleaginosa revela-se pouco atraente. Em contrapartida, o cereal teve valorização, e pode ter benefício com altas futuras. A previsão, do analista Fernando Alves, foi apresentada na 5ª edição do Visão Agro, estudo da Consultoria Agro do Itaú BB. O encontro foi realizado em São Paulo, no dia 8 de agosto.
“Vamos ver um produtor voltado para a produção do arroz”, afirma Fernando Alves, seguro de que os agricultores consideram a possibilidade de expandir a cultura sobre a lavoura onde antes germinava a soja.
Com aumentos nos últimos quatro meses, o preço do cereal encontra-se em situação recompensadora. De acordo com Alves, “O cenário mundial é de preços altos e não deve haver queda substancial até a colheita. Os atuais níveis de câmbio e cotações internacionais firmes devem garantir piso elevado aos preços domésticos, em função da paridade de exportação”.
O analista salienta que “a política intervencionista de preços do governo federal perdeu força nas discussões no Planalto Central e não parece ter elementos para retomada ao longo da safra”.
Além disso, o cenário de La Niña favorece o desenvolvimento e a produtividade do arroz.
Na avaliação de Alves, é importante que os produtores estejam atentos ao mercado e evitem acumular estoques que possam pressionar os preços rapidamente, como ocorreu na safra 2020/2021. “As vendas devem ocorrer ao longo dos meses, conforme a necessidade de aquisições para as lavouras de arroz”, diz o analista.
Cenário geral – Lavoura de arroz, soja e clima
Na perspectiva geral para o agronegócio, sugere-se um tom de cautela que na edição de 2023 do Visão Agro mantém-se para a próxima.
“Há um ano, trouxemos um tom de cautela para o ciclo 2023/24, após anos anteriores especialmente positivos. De fato, o tom permanece o mesmo, mas com nuances diferentes devido às realidades muito distintas de cada cultura”, afirma o gerente da Consultoria Agro, Cesar de Castro Alves.
O primeiro elemento destacado na avaliação é a transição climática do fenômeno El Niño para La Niña. “Não sabemos a intensidade que terá, mas pode trazer variação de produtividade no sul”, pondera.
Cesar diz que o cenário da soja não parece “apontar para uma reviravolta positiva nos preços da soja, dado que o primeiro importante fator para a consolidação dos números de produção no ciclo 2024/25, a safra americana, está evoluindo sem grandes dificuldades. Com a safra americana indo bem, morre a perspectiva de uma alta de preços aqui”, avalia.
Proteína animal
A suinocultura deve manter resultado positivo, apoiado “nos custos dos grãos contidos, na sólida demanda externa e na oferta equilibrada”. A redução da produção chinesa, que não se traduzirá em maiores importações, favorecerá a recuperação dos preços internacionais. Também as exportações têm crescido em volume, mesmo com a China baixando fortemente as compras.
O crescimento ocorrer em larga escala principalmente nas vendas para as Filipinas, Japão e Coréia do Sul. Assim como no Chile, Singapura, México, entre outros.
O Brasil ainda deverá capturar boas oportunidades de aumento das exportações decorrentes da gradual retirada da vacinação de febre aftosa. Desse modo, os três Estados da Região Sul, que respondem por aproximadamente 50% da produção brasileira de carne suína, já possuem o reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal. Assim como do Acre, Rondônia, partes do Amazonas e do Mato Grosso.
Projeção semelhante ocorre na avicultura. “Com o cenário de custos favorável e boas demandas interna e externa, a tendência é de margens positivas para a avicultura, porém é fundamental que a produção não acelere desproporcionalmente anulando essa perspectiva”, diz o analista Cesar Castro. “O reestabelecimento das exportações, após o caso de Newcastle deverá será rápido, ajustando as forças de mercado”, acrescenta, mas adverte que, “caso a reabertura não ocorra em poucas semanas, pode haver pressão sobre os preços da carne e complicações adicionais associadas à necessidade de reduzir a produção de forma mais severa”.
Fontes: newe seguros, rural, correio do povo