Retomada busca por sobreviventes após rompimento de geleira que matou seis
As operações de busca por possíveis sobreviventes foram retomadas após o rompimento de geleira provocado por uma onda de calor. Assim, parte da geleira Marmolada, a maior dos Alpes italianos, deixou pelo menos sete mortos e oito feridos. As buscas foram retomadas, portanto, nesta segunda (4).
No entanto, a tragédia ocorreu um dia após o registro da temperatura recorde de 10°C no topo da geleira. Desse modo, a geleira foi enfraquecida pelo aquecimento global. Bem como, pela onda de calor que atingiu toda a península italiana, que acelerou seu derretimento.
As equipes de resgate enviaram drones equipados com câmeras térmicas durante a noite. Sobretudo, na esperança de localizar sobreviventes arrastados pela avalanche de gelo e rochas, explicou à AFP o prefeito da cidade de Canazei, Giovanni Bernard.
“É uma situação muito perigosa, mas também para os socorristas”, que não podem avançar a pé, disse.
Além disso, os helicópteros estão sobrevoando a área, de acordo com um fotógrafo da AFP no local.
O chefe da Defesa Civil de Veneto mencionou mais “desaparecidos”
Mas as chances de encontrar sobreviventes “são quase nulas”, alertou o chefe do serviço de resgate alpino, Giorgio Gajer, à agência AGI.
Aliás, a porta-voz dos serviços de emergência, Michela Canova, garantiu à AFP que o número de vítimas é agora de sete mortos e oito feridos.
Segundo a agência de notícias Ansa, pelo menos três italianos e um tcheco estão entre os mortos.
Entretanto, entre os feridos estão dois alemães. Um homem de 67 anos e uma mulher de 58 anos, que se encontra em risco de morte, disse a agência médica de Veneto.
O chefe da Defesa Civil da província de Veneto, Gianpaolo Bottacin, também mencionou “desaparecidos” sem especificar o número. A imprensa fala de cerca de 15 pelos carros no estacionamento que até agora ninguém recuperou.
“Encontramos alguns corpos mutilados. Entre a pilha de gelo e detritos espalhados por mais de 1.000 metros”, disse Gino Comelli, das equipes de resgate de alta montanha. Segundo o jornal Corriere della Sera.
Degelo acelerado
As equipes de resgate alpino ativaram um número para ajudar as pessoas que não tiveram notícias de parentes.
O chefe de Governo italiano, Mario Draghi, deveria visitar o local da tragédia, mas seu helicóptero não conseguiu pousar em razão do tempo ruim.
O colapso de parte da geleira Marmolada “é consequência das condições climáticas atuais, ou seja, de um episódio de calor antecipado que coincide com o problema do aquecimento global”, comentou à AFP o professor Massimo Frezzotti, do departamento de Ciências da Universidade Roma Três.
“O derretimento se acelerou nos Alpes. Tivemos um inverno extremamente árido, com déficit pluviométrico de 40 a 50%. As condições da geleira correspondem às de meados de agosto, não início de julho”, disse o especialista.
“É um milagre estarmos vivos”, contou Stefano Dal Moro, engenheiro que estava na geleira com um amigo israelense.
“Ouvimos um barulho e, naquele momento, um mar de gelo se soltou. Não adiantava correr, só rezar”, disse ele ao jornal Corriere della Sera.
A geleira rompeu perto da cidade de Punta Rocca.
O tamanho da área desprendida é enorme: cerca de 200 metros
Imagens filmadas de um abrigo mostram neve misturada com pedras rolando pela encosta da montanha.
Outras imagens tiradas por turistas com seus celulares mostram a avalanche de longe, arrastando tudo em seu caminho.
A geleira Marmolada, apelidada de “rainha das Dolomitas”, é a maior desta cordilheira no norte da Itália, que faz parte dos Alpes.
O tamanho da área desprendida é enorme. Cerca de 200 metros de frente que desceu por um quilômetro e meio. A cerca de 300 km por hora, segundo cálculos da imprensa.
O derretimento do gelo e da neve, que causa rompimento de geleira é uma das 10 principais ameaças causadas pelo aquecimento global. De acordo com o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em 1º de março. Perturbando, dessa forma, ecossistemas e ameaçando infraestruturas.
O IPCC alertou que as geleiras da Escandinávia, Europa Central e Cáucaso podem perder de 60 a 80% de sua massa até o final do século.