No acumulado de 2025, a inflação oficial soma 3,73%, enquanto em 12 meses está em 4,68%, abaixo dos 5,17% observados nos 12 meses anteriores.
Alimentos e energia elétrica derrubam o índice
A leitura de outubro trouxe três grupos em terreno negativo. Sendo eles: habitação (-0,30%); artigos de residência (-0,34%); e comunicação (-0,16%); além de apenas leves pressões de alta em vestuário e saúde.
O destaque de baixa veio da energia elétrica residencial (-2,39%), o item com maior impacto negativo no mês (-0,10 ponto percentual). Sobretudo, a leitura é a de que a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o patamar 1 reduziu a cobrança extra na conta de luz e aliviou o custo das famílias.
A alimentação no domicílio, que costuma pressionar a inflação no segundo semestre, também colaborou. Caindo 0,16%, puxada por quedas do arroz (-2,49%) e do leite longa vida (-1,88%). Em contrapartida, batata-inglesa (+8,56%) e óleo de soja (+4,64%) ficaram entre as principais altas do mês.
O que subiu e o que caiu
Maiores quedas:
Energia elétrica residencial: -2,39%
Arroz: -2,49%
Leite longa vida: -1,88%
Gasolina em BH: -3,97%
Tarifas de energia em capitais como Rio e Fortaleza: até -4,8%.
Maiores altas
Batata-inglesa: +8,56%
Óleo de soja: +4,64%
Passagens aéreas: +4,48%
Pacotes turísticos: +1,97%
Calçados e acessórios: +0,89%
O que dizem as vozes do mercado
Para Leonardo Costa, economista da ASA, o dado de outubro “teve um qualitativo benigno, com continuidade da desaceleração da inflação subjacente de serviços e deflação em itens veiculares”. Segundo ele, a surpresa veio principalmente da alimentação e da energia, dois grupos que tiraram força do índice.
Na SulAmérica Investimentos, Natalie Victal destacou que o número “ficou próximo da projeção interna”, mas o comportamento mais contido dos bens industriais ajudou a segurar o resultado. “Os serviços intensivos em mão de obra seguem pressionados, mas o dado não muda o cenário de curto prazo para a política monetária”, avaliou.
Lucas Barbosa, da ZeQuest, reforçou a leitura: “As surpresas baixistas foram notáveis, especialmente nos componentes de alimentação e bens industriais. Outubro costuma ter pressão sazonal nos alimentos, o que não ocorreu desta vez”. Para ele, a melhora do câmbio e o alívio em commodities favorecem a desinflação.
Já Alexandre Maluf, da XP, vê o dado como reflexo dos “quatro C’s da desinflação brasileira: câmbio, clima, commodities e China”. Segundo o economista, o recuo de bens duráveis e de alimentos in natura mostra que a inflação está cedendo onde o Banco Central esperava, embora os serviços ainda “demorem para virar”.
Copom: dado não muda previsão de corte
O bom dado do IPCA não muda em nada a expectativa dos economistas, que preveem o início do ciclo de cortes de juros só em 2026. Provavelmente em março, segundo a aposta das XP.
A análise dos especialistas ocorre após a divulgação, pelo Banco Central, da ata do Copom, também divulgada (11) justificando os motivos que levaram o comitê a mantar a taxa Selic em 15%.
“No conjunto, o resultado não muda o cenário de curto prazo. A ata do Copom deve ser lida como uma barra um pouco mais baixa para corte em janeiro. E o dado de inflação não altera essa leitura”, avalia Natalie.
Nenhum dos analistas ouvidos acreditam num eventual arrefecimento da taxa na última reunião do ano, prevista para os dias 9 e 10 de dezembro.
Desse modo, todos avaliam que o Banco Central deve manter o tom conservador, iniciando cortes apenas em março. Após confirmar a convergência das expectativas de inflação à meta.
INPC quase estável
O INPC, índice que mede a inflação para famílias de renda mais baixa, subiu apenas 0,03% em outubro, também abaixo de setembro (0,52%). O movimento, contudo, reforça o quadro de moderação dos preços ao consumidor em todas as faixas de renda.
Fonte: forbes





