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Embora algumas dessas tecnologias já sejam usadas em fazendas e possam ser adquiridas inclusive no Brasil, elas ainda são incipientes e, por isso, têm alto valor

MÁQUINAS AUTÔNOMAS: Inteligência artificial já é realidade na agricultura

Diversas empresas de máquinas agrícolas têm investido em equipamentos que utilizam IA para melhorar a colheita e o uso do solo

A inteligência artificial (IA) é o assunto do momento em 2023, e nem mesmo a agricultura ficou de fora dessa onda. Diversas empresas de máquinas agrícolas têm investido em equipamentos que utilizam IA para melhorar a colheita e o uso do solo. Uma delas é a John Deere, montadora centenária dos Estados Unidos, que, em 2022, anunciou na feira tecnológica CES um trator completamente autônomo. Mas as inovações no ramo não param por aí: hoje, há também pulverizadores inteligentes. Que identificam e tratam ervas daninhas, e ainda todo um sistema de conectividade de máquinas, que ajuda na manutenção e na ociosidade desses equipamentos.

Vale lembrar, porém, que, embora algumas dessas tecnologias já sejam usadas em fazendas e possam ser adquiridas inclusive no Brasil, elas ainda são incipientes e, por isso, têm alto valor. Por essa razão, ainda não são uma realidade em boa parte das fazendas. Mas é possível que se tornem mais acessíveis no decorrer do tempo. A seguir, entenda como a inteligência artificial tem sido usada na agricultura.

Agricultura: Inteligência artificial para dosar agrotóxicos

Os produtos agrotóxicos, como herbicidas e pesticidas, costumam usar em grandes plantações, já que existem vários tipos de pragas naturais que podem atingir as plantas e impactar diretamente na produção como ervas daninhas e insetos. No entanto, esses químicos são perigosos e representam inúmeros riscos à saúde não só do solo, mas principalmente à do consumidor.

Em geral, esses produtos costumam ser aplicados em toda a plantação, mas isso costuma ser problemático porque, se não for bem feita, a dosagem dos químicos pode passar do nível adequado. Causando, por exemplo, intoxicação por agrotóxicos e isso é especialmente mais preocupante quando falamos em países em desenvolvimento, como o Brasil.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente 3 milhões de pessoas tem intoxicação por esses produtos. Sendo que, deste total, 2,1 milhões são de países em desenvolvimento. Segundo o órgão, essas intoxicações gerariam cerca de 20 mil mortes todos os anos. As consequências à saúde pelo mau uso desses produtos são várias, e vão desde distúrbios hormonais até doenças mais graves, como problemas cardíacos ou câncer. Por isso, é importante que seja feito um uso consciente e é aí que a inteligência artificial pode ajudar.

Imagine, por exemplo, se um trator pulverizador pudesse identificar uma erva daninha ou qualquer outro tipo de praga para tratá-la individualmente, sem borrifar produto na plantação em si. Parece uma ideia muito futurística, mas, na verdade, isso já existe.

Expandir

Equipada com câmeras ao longo de todo o borrifador, ela teve treinamento com uma extensa base de dados e, usando inteligência artificial, consegue diferenciar uma erva daninha de outros tipos de planta para aplicar os tóxicos somente na praga. Segundo a empresa produtora, a estadunidense John Deere, a ideia é expandir essa tecnologia para cobrir mais variações de pragas o que pode representar uma verdadeira revolução para a maneira como é o manejo dos agrotóxicos no campo.

O problema é que, embora seja pioneira e já exista nos Estados Unidos, esse tipo de tecnologia ainda está em estágios iniciais e, por enquanto, não chegou ao Brasil. É claro que o preço dessas máquinas também não será barato quando pousar por aqui: a expectativa é de que tenha valores na casa dos milhões. Porém, vale lembrar também: só em um ano, o mercado agro brasileiro movimentou cerca de R$ 105 bilhões ou seja, não é um segmento com baixo retorno monetário, principalmente quando se fala em latifúndios.

Máquinas agrícolas interconectadas e com controle remoto

Outra tecnologia interessante que tem impactado a agricultura é a conectividade em máquinas. Ela é útil porque ajuda os produtores rurais a entender em que parte das plantações está cada um dos automóveis utilizados em campo, auxiliando no controle em tempo real da atividade de cada uma delas. Além disso, usando inteligência artificial. Esses sistemas conectados conseguem prever quando uma máquina vai precisar de manutenção por exemplo, caso ela esteja operando com dificuldades.

Isso é útil principalmente porque aumenta a produtividade das plantações, mas também garante um maior tempo de vida útil às máquinas. Em geral, as empresas que oferecem esse tipo de tecnologia têm software próprio para controle de toda a frota. Os produtores rurais conseguem consultar o status de cada uma das máquinas tanto pelo PC, quanto pelo celular (via aplicativo).

Nos Estados Unidos isso já é uma realidade bastante difundida. Mas aqui no Brasil há ainda um impasse: a baixa penetração da Internet em lugares mais remotos do país. Principalmente naqueles em que residem as grandes plantações.

Para se ter ideia, mais de 20% da população rural não têm acesso à Internet – mas o grande problema nem é esse. A maior questão aqui é que, em vários lugares, ainda não há torres de rede para dar a cobertura ideal para o funcionamento dessas máquinas. Existem planos para levar a conectividade a regiões mais remotas, inclusive em parceria com a Starlink de Elon Musk, mas fato é: pelo menos por enquanto, o Brasil ainda tem uma zona rural muito pouco conectada.

A IA em tratores que se dirigem sozinhos

Agora imagine um trator que não somente se dirige sozinho, mas que faz todo o trabalho de colheita e pulverização por conta própria, após um simples comando feito via celular. Isso também parece uma ideia preocupante, meio de ficção científica, mas acredite: já é realidade isto é, pelo menos nos Estados Unidos.

Empresas como a italiana CNH Industrial e a estadunidense John Deere são pioneiras nesse tipo de tecnologia. Para evitar acidentes, seus tratores equipados com sensores e câmeras que conseguem identificar os seus arredores. Quando identificam algum objeto “fora do comum” ou seja, algo diferente do que treinados para trabalhar, como uma pessoa ou um animal, eles param a rota até que o objeto retirado de suas proximidades.

Todo o controle é de forma remota, via aplicativo para Android ou iPhone, e demanda um operador humano. Essa tecnologia é especialmente interessante quando unida à conectividade de máquinas, que permite ao produtor acompanhá-la à distância. O benefício que esse tipo de tech traz ao campo, porém, pode levantar algumas questões morais, já que pode ser como algo muito voltado à capacidade produtiva e que substitui o trabalhador rural.

As empresas que produzem esses tratores dizem que a ideia não é substituir a mão de obra humana no campo. Mas sim somente aumentar a capacidade produtiva com frotas que funcionem até mesmo à noite. Vale lembrar, por fim, que essas máquinas ainda não estão à venda no Brasil. De acordo com a John Deere, a expectativa é de que o trator autônomo da empresa chegue em breve ao país.

Fonte: techtudo