Pesquisa revela maior risco de mortalidade entre os idosos após a perda de alguém próximo
A cardiomiopatia induzida por estresse, conhecida como síndrome do coração partido ou efeito viuvez, foi registrada em diferentes idades, até em idosos.
Assim, uma pesquisa dirigida por Nicholas Christakis, do Laboratório da Natureza Humana na Universidade de Yale, e Felix Elwert, professor de Sociologia na Universidade de Wisconsin, revela maior risco de mortalidade entre os idosos após a perda de alguém próximo. No entanto, nos primeiros três meses de luto, esse risco pode aumentar entre 30% e 90%.
Principais descobertas do estudo:
- Nos primeiros três meses de luto, o risco de morte por efeito viuvez entre os idosos aumenta entre 30% e 90%.
- Após esse período, o risco cai 15%.
- Quando um parceiro falece de maneira súbita, o risco de morte do cônjuge sobrevivente aumenta.
- O mesmo acontece com doenças crônicas que exigem um tratamento rigoroso do paciente, como: diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica e câncer de pulmão ou cólon.
- Nos casos em que o parceiro morreu de Alzheimer ou Parkinson, quando há um tempo maior para “se preparar” para a perda, a chance de morte é menor.
Aliás outro estudo, publicado na revista de saúde norte-americana PlosOne, aponta que homens têm maior probabilidade de morrer pela síndrome. A pesquisa feita com habitantes da Dinamarca e constatou que eles têm 70% mais chances de morrer quando a parceira falece. Assim, no caso das mulheres, a chance é 27% maior em relação àquelas que não ficaram viúvas.
O que é morrer de coração partido?
Segundo Maria Julia Kovács, professora sênior do Instituto de Psicologia da USP e membro fundadora do Laboratório de Estudo sobre a Morte, a síndrome do coração partido desencadeado quando a perda de uma pessoa sentida tão intensa e dolorosamente que acaba levando à morte. Em termos técnicos, acontece quando o coração abruptamente sobrecarregado por um estresse agudo e, como resultado, o ventrículo esquerdo do coração se enfraquece.
A condição citada pela primeira vez em 1990, no Japão, como cardiomiopatia de takotsubo, por se assemelhar a uma armadinha de polvo que leva o mesmo nome.
No entanto, nem todos os casos da síndrome podem levar à morte. Geralmente, o estresse emocional amenizado com o tempo e o coração consegue se recuperar. Além disso, o que acontece com as pessoas da terceira idade é que muitas delas já têm um alguma condição que necessita de atenção psicológica ou psiquiátrica, dificultando o processo de elaboração do luto.
“Pode ser que ele idoso(a) que sofreu a perda seja mais propenso à síndrome do coração partido em um período curto de tempo; outras pessoas têm um processo de luto mais longo, que pode chamar de complicado, porque a intensidade, o sofrimento é muito grande e a capacidade e vontade de viver nesse mundo sem a pessoa querida é tão penosa que o luto se arrasta por anos.” Explicou Maria Julia Kovács ao Jornal da USP.
Principais sintomas
- Distúrbios do sono
- Crises depressivas
- Ansiedade
- Diminuição da função imunológica
- Declínio significativo na saúde física.
Maria Julia Kovács orienta o seguinte: se notar os sintomas na pessoa que está de luto, a recomendação é manter um acompanhamento próximo. Assim, caso observe sinais de desvalorização da vida ou queixas e dificuldade de seguir em frente, é importante ter uma conversa direta c om a pessoa e oferecer apoio e opções médicas especializadas, como a participação em grupos terapêuticos e terapia individual.
“Não finja que está tudo bem e cerque-se de pessoas para as quais você não precisa fingir que está bem. Aliás, o luto é um ato de coragem e força. Portanto, quanto mais significativa a perda, mais profunda ela é e mais longo é o processo de recuperação. Procure ajuda se necessário”. Recomendou Maria Julia Kovács.
Fontes: institutodocasal, olhardigital, institutodocasal, socesp