Fila de espera do INSS bate recorde e tempo de análise de benefícios aumenta
A fila de espera por aposentadorias, bem como para pensões e auxílios no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) bate recorde no primeiro semestre de 2025. Assim, atingiu 2,44 milhões de requerimentos pendentes no mês de junho. Os dados, que foram apresentados durante reunião do Conselho Nacional de Previdência Social, apontam que 1,17 milhão desses pedidos são de benefícios por incapacidade. Esse grupo inclui auxílio-doença e, ainda, aposentadoria por invalidez.
Esse é o maior patamar desde 2019 e, portanto, representa um aumento de 81% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando havia 1,35 milhão de pedidos na fila. Apesar da alta anual, o número caiu 4,6% em relação a maio deste ano, quando a fila alcançou 2,56 milhões de requerimentos.
Assim, a escalada teve início em dezembro de 2024, quando a fila ultrapassou a marca de 2 milhões. Em março deste ano, chegou ao auge com 2,7 milhões de solicitações, o que representa um recorde recente.
Tempo de espera cresce
Além do aumento no volume de pedidos, o tempo médio para análise e concessão dos benefícios também voltou a subir
- Aposentadoria por tempo de contribuição; 68 dias
- Aposentadoria por idade; 57 dias
- Pensão por morte; 60 dias
- Salário-maternidade; 37 dias
- Benefício assistencial ao idoso (BPC); 36 dias
- Benefício assistencial à pessoa com deficiência; 110 dias
Para o advogado João Badari, especialista em Direito Previdenciário, o cenário reflete uma crise estrutural na Previdência Social. “Estamos falando de pessoas que aguardam benefícios em situação de fragilidade social e, ainda, de saúde. Assim, esse atraso compromete o sustento de famílias e, consequentemente, impacta diretamente a economia local, sobretudo em cidades menores”, afirma.
De acordo com ele, a redução do número de servidores, a falta de investimentos em estrutura e tecnologia e, além disso, o aumento de pedidos são fatores que pressionam o sistema. Medidas recentes, como por exemplo a exigência de biometria para concessão do BPC, também têm contribuído para o represamento.
Ações para conter o problema
O Ministério da Previdência anunciou, em março, uma ação extraordinária para tentar reduzir a fila. Assim, incluiu a mobilização de 500 servidores com adicional de produtividade e, além disso, outras medidas, como
- Digitalização de processos, pois agora é possível o envio online de atestados médicos e documentos.
- Mutirões de atendimento, já que visam acelerar a análise dos pedidos acumulados.
- Contratação e realocação de servidores, especialmente para as áreas mais críticas.
- Simplificação de procedimentos, visto que há menos exigências burocráticas.
- Estabelecimento de metas, de modo que a análise seja feita em até 30 dias para casos administrativos e, ainda, em 45 dias para os que exigem perícia médica.
- Uso de inteligência artificial, pois a Dataprev investiu US$ 10,5 milhões em tecnologia para apoiar a Diretoria de Atendimento (Dirat).
Governo evita comentar novo aumento
Procurados, o INSS e o Ministério da Previdência não se pronunciaram sobre o novo crescimento da fila em junho. Em declarações anteriores, as autoridades atribuíram parte do aumento ao ajuste legal que passou a exigir biometria para concessão do BPC.
Enquanto isso, milhões de brasileiros continuam na espera por benefícios que, para muitos, representam a única fonte de renda. O desafio de reduzir a fila segue como uma das principais metas do governo na área social.
Fonte: R7