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Por meio da engenharia genética, a equipe ajustou o núcleo da planta de soja para que produzisse as proteínas animais do porco

Essa soja tem gosto (e aparência) de carne de porco; entenda

A empresa planeja extrair proteína suína da soja e vendê-la a fabricantes de alimentos para ajudar a criar alternativas de carne sem origem animal

Se você abrir esse novo tipo de soja, verá que o interior é rosado, trata-se da primeira demonstração de um novo tipo de agricultura, capaz de modificar geneticamente o DNA da soja para integrar o DNA de porco.

Para quem tem pressa:

  • A startup Moolec conseguiu modificar geneticamente o DNA da soja para integrar o DNA de porco;
  • Agora, a empresa planeja extrair proteína suína da soja e vendê-la a fabricantes de alimentos;
  • A ideia é ampliar alternativas de carne realista pelo mesmo preço da carne “normal” no mercado;
  • Além disso, a empresa trabalha na formulação de proteínas em pó, extraídas das plantas, que serão vendidas aos produtores de alimentos;
  • Os primeiros ingredientes podem chegar ao mercado em até cinco anos.

“No final das contas, estamos replicando dentro de uma planta o que a natureza faz em um animal. Disse, Gastón Paladini, CEO e cofundador da Moolec, startup que desenvolveu a soja”.

Agora, a empresa planeja extrair proteína suína da soja e vendê-la a fabricantes de alimentos para ajudar a criar alternativas de carne sem origem animal, mas com sabor realista.

Como a soja foi feita

Por meio da engenharia genética, a equipe ajustou o núcleo da planta de soja para que produzisse as proteínas animais do porco. Assim, a cultura pode ser cultivada em fazendas, como qualquer outra soja.

“Observamos as principais proteínas animais que fornecem textura, sabor e nutrição. Conhecemos a sequência de DNA dessas proteínas.”  Disse Amit Dhingra, diretor de ciências da Moolec.

O processo, que a empresa chama de “agricultura molecular”, é uma maneira mais acessível de produzir proteína animal real sem criar e abater animais do que a carne “cultivada em células”, onde células de um animal vivo são cultivadas em tanques de aço.

Além disso, carne cultivada (também conhecida como carne cultivada em laboratório) consome muita energia para produzir – um estudo recente sugeriu que sua pegada de carbono pode realmente ser pior do que a da carne bovina.

Assim, o novo processo também é mais simples de escalar do que a fermentação de precisão, uma abordagem que usa micróbios para produzir proteína animal e requer infraestrutura especializada.

“A beleza da tecnologia da Moolec é que, na verdade, a única coisa que estamos modificando é apenas a semente, bem no início da própria cadeia de valor, e a biologia e a infraestrutura atual fazem o resto.” Diz Gastón Paladini, CEO e cofundador da startup.

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Importância

Por meio desse processo, a “soja de porco” poderia custar tanto quanto carne de porco no supermercado, por exemplo.

Os agricultores já cultivam, nos EUA, 350 milhões de toneladas métricas de soja por ano. E as novas sementes podem simplesmente substituir parte dessa safra. Isso porque mais de três quartos da produção atual cultivada para ração animal, e parte dessa produção de soja está contribuindo para o desmatamento.

Se a proteína animal pudesse vir diretamente das plantas, poderia reduzir drasticamente o uso da terra e a pressão sobre a natureza.

Sim, é possível usar soja comum para fazer carne à base de plantas bastante realista. Mas também requer uma longa lista de outros aditivos. Assim, o uso de proteínas idênticas às encontradas em um animal pode levar a um produto com maior probabilidade de convencer os amantes de carne a fazer a troca, com menos ingredientes.

Aliás, um punhado de outras startups está usando a mesma abordagem para produzir proteínas animais, incluindo a Nobell, uma empresa que usa soja para produzir proteínas lácteas para queijo.

Próximos passos

A Moolec demonstrou recentemente que sua plataforma  que apelidou de “Piggy Sooy”  pode produzir sementes de soja que contêm entre 5% e 26,6% de proteína suína. Entretanto, isso é quatro vezes mais do que a equipe esperava inicialmente.

Para ser comercialmente viável, eles sabiam que pelo menos 5% da proteína total precisaria ser proteína de porco. Produzir a proteína da soja, em vez de criar um porco, significa que a pegada de carbono pode ser cerca de 60 vezes menor.

Agora, a empresa planeja aumentar a produção para mais testes, ao mesmo tempo em que trabalha na formulação de proteínas em pó, extraídas das plantas, que terão as vendas aos produtores de alimentos.

Além disso, a startup também está trabalhando em várias outras proteínas para carne suína e bovina; cada variante de soja produz uma proteína específica. Portanto, os primeiros ingredientes podem chegar ao mercado em quatro ou cinco anos.

Paladini cresceu na América do Sul em uma família que administra uma grande empresa de produção de carne há gerações.

“Conheço muito bem a cadeia de valor da carne tradicional e conheço muito bem as questões de sustentabilidade da cadeia de valor tradicional. Eu realmente acredito que precisamos encontrar uma solução alternativa para produzir proteínas animais.” Diz Gastón Paladini, CEO e cofundador da Moolec.

Fonte: olhardigital