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O Epstein-Barr (EBV) é um vírus da família do da herpes. Está entre os vírus mais comuns entre os que circulam entre humanos.

Epstein-Barr entenda o vírus de Anitta e o que ele pode causar

O Epstein-Barr (EBV) é um vírus da família do da herpes. Está entre os vírus mais comuns entre os que circulam entre humanos – tão comum que a maioria das pessoas é infectada por ele durante a vida. No entanto, somente uma parcela desenvolve a doença causada por esse vírus, conhecida como mononucleose infecciosa ou doença ou febre do beijo.

Dessa forma, no caso da cantora Anitta, que internada com a infecção. Mas o Epstein-Barr não se dissemina apenas pelo beijo, como o nome popular sugere.

O contágio acontece através de fluidos corporais, principalmente saliva, até mesmo pelo compartilhamento de copos ou talheres, mas também sangue e sêmen. E é de fácil disseminação, já que a transmissão acontece principalmente no período de incubação, que dura de 30 a 45 dias.

– Uma pessoa que esteja na fase aguda da infecção por EBV pode espalhar o vírus por semanas e até mesmo antes de apresentar sintomas – explica a médica infectologista Tânia Vergara, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Vale destacar que muitas pessoas assintomáticas ou têm a doença de forma tão leve que ela que confundida com uma virose comum. Outras têm sintomas fortes, provável caso de Anitta, que no post acima explicou, do hospital, que tem tido que cancelar shows, mas preferiu não entrar em detalhes sobre sua condição médica. E há ainda as que sofrem com agravamentos sérios, como veremos abaixo.

Transmissão

  • Saliva – Para além do beijo, transmitido por meio de objetos, como escova de dentes ou copo usados ​​recentemente pela pessoa infectada;
  • Sangue – Transfusões de sangue e transplantes de órgãos;
  • Sêmen – Contato sexual.

Sintomas

  • Fadiga
  • Febre
  • Dor de garganta
  • Aumento dos gânglios linfáticos do pescoço
  • Aumento do baço
  • Aumento do fígado
  • Rash cutâneo

 

O aumento dos gânglios linfáticos é um dos sintomas de Epstein-Barr ou mononucleose — Foto: Istock Getty Images

O aumento dos gânglios linfáticos é um dos sintomas de Epstein-Barr ou mononucleose — Foto: Istock Getty Images

– Os sintomas, em geral, melhoram em duas a quatro semanas, mas algumas pessoas podem se sentir cansadas por várias semanas ou até meses – conta Tânia, esclarecendo que as infecções por EBV em crianças geralmente não causam sintomas, ou os sinais são muito parecidos com o de qualquer outra doença leve da infância.

– A reativação nem sempre é acompanhada de sintomas. Entretanto, pessoas com sistema imunológico comprometido têm maior chance de ter sintomas se o Epstein-Barr for reativado.

Agravamentos

Os sintomas mais comuns os descritos acima, e a doença leve ou moderada. Entretanto, menos comumente, o EBV pode acometer o sistema nervoso e causar:

  • Meningite
  • Encefalite
  • Neurite ótica
  • Paralisia de nervo facial
  • Mielite transversa
  • Guillain-Barré
  • Distúrbios do sono e psiquiátricas
  • Alterações hematológicas e imunológicas
  • Alguns tipos de câncer também são associados a infecção latente pelo EBV, como é o caso de alguns linfomas

Relação com a esclerose múltipla

Anitta não está com um quadro de esclerose múltipla (EM), é bom ressaltar. A cantora apresenta apenas a mononucleose. Mas ela revelou seu diagnóstico após o lançamento do documentário EU, em que a atriz Ludmila Dayer revela como é sua vida com a esclerose múltipla e conta que tem o vírus Epstein-Barr (EBV), sendo ele uma das possíveis causas do desenvolvimento da sua EM. Foi Ludmila quem alertou a amiga sobre os sintomas.

– A esclerose múltipla não tem sua causa definida. Uma possibilidade que desencadeada por uma infecção viral. O vírus Epstein-Barr está entre os principais suspeitos – esclarece a infectologista Tânia Vergara.

O médico geneticista Alexandre Lucidi afirma que a causa da Esclerose Múltipla é complexa e multifatorial, com a interação de fatores de suscetibilidade genética em genes que estão relacionados ao sistema imunológico, e fatores ambientais, incluindo agentes infecciosos, falta de exposição solar, vitamina D, tabagismo e obesidade.

Entre os agentes infecciosos, crescem cada vez mais as evidências de que a infecção por Epstein-Barr seria um potencial fator de risco.

– Até o momento, não possível a identificação de um agente como causa da doença.

O que há dados que aumentam o risco – comenta Alexandre, citando um estudo epidemiológico recente, em que aproximadamente 10 milhões de militares dos Estados Unidos foram acompanhados ao longo de 20 anos.

No estudo, percebeu-se um risco 32 vezes maior do diagnóstico de esclerose múltipla entre indivíduos com a sorologia positiva para Epstein-Barra quando comparados aos negativos.

– Embora esta associação não seja nova, a força deste estudo é a análise da associação entre o vírus e a esclerose múltipla em amostras de sangue coletadas longitudinalmente de mais de 10 milhões de recrutas do exército dos EUA.

– Esta amostra permitiu aos pesquisadores provarem que estar infectado com Epstein-Barr aumenta o risco de desenvolver esclerose múltilpa. Como essa relação não foi encontrada com outros vírus comuns, é tentador concordar com os autores que a infecção por EBV é “uma das principais causas de EM”.

Mas nesta situação toda, é importante diferenciar fator de risco de causa. O fator de risco, como é proposto o EBV, é um fator cuja presença pode aumentar a chance de algo ocorrer, mas não é a causa até o momento – ressalta o médico, que atua nas áreas de neurogenética e neuroimunologia.

Fonte: ge.globo