Indústria é o setor mais afetado pela escassez
Sobretudo, um dos segmentos mais preocupados é a indústria. Uma sondagem recente divulgada pela CNI mostrou que 62% das empresas do ramo afirmam ter dificuldade em contratar mão de obra qualificada.
Educação e formação técnica são apontadas como gargalos
Na visão do setor, o problema está na educação e qualificação do trabalho no Brasil. Felipe Morgado, superintendente de Educação Profissional e Superior do Senai, afirma que a demanda por novas tecnologias e modelos de trabalho exige profissionais preparados para resolver problemas complexos.
Ele ressalta ainda que o país tem um percentual baixo de jovens concluindo o ensino médio com formação técnica.
Brasil fica atrás de países da OCDE em ensino profissionalizante
Segundo o estudo internacional Education at Glance, cerca de 11% dos jovens brasileiros que concluem o ensino médio fazem cursos profissionalizantes. Enquanto isso, nos países da OCDE, o índice varia entre 35% e 65%.
Instituições buscam preparar jovens para áreas tecnológicas
Para tentar reverter esse cenário, instituições de ensino ampliam qualificações voltadas a áreas tecnológicas e setores estratégicos — como construção civil, inteligência artificial, energia renovável, vestuário e alimentos.
Rotatividade no mercado de trabalho aumenta desde a pandemia
Outro fator que pressiona o mercado é a troca constante de emprego. Em 2018, menos de 12% dos brasileiros mudavam de emprego de um ano para o outro. Sobretudo, em 2022, esse número passou de 14% e hoje está em 13,7%.
Comércio paulista também sofre com falta de mão de obra
No estado de São Paulo, o comércio relata as mesmas dificuldades. Contudo, a rotatividade é apontada como principal vilã.
O tempo médio de permanência no emprego caiu 7% entre 2015 e 2024, chegando a apenas 26 meses. Todavia, em setores como madeira e material de construção, a queda foi de 12%.
Empresas varejistas enfrentam renovação acelerada de equipes
Kelly Carvalho, economista da FecomercioSP, destaca que o tempo necessário para renovar todo o quadro de funcionários caiu drasticamente: de 2 anos e 3 meses, em 2020, para 1 ano e 7 meses em 2024.
Mudança de comportamento dos jovens e trabalho autônomo impulsionam migração
Especialistas apontam ainda a preferência dos jovens por atividades mais flexíveis e autônomas.
Segundo Gustavo Coimbra, diretor da LHH Brasil, o serviço formal se tornou menos atrativo quando comparado a trabalhos informais, projetos ou empreendedorismo.
Autonomia e flexibilidade motivam novos profissionais
Por fim, o motorista de aplicativo Eduardo Lima de Souza exemplifica essa tendência. “A primeira coisa que me chamou atenção foi a oportunidade de eu adquirir um veículo 0km e através dele ter meu sustento e também trabalhar dentro do horário que eu acho melhor e não ficar trancado em um horário específico. As pessoas que me rodeiam, a preferência delas é autonomia, fazer seu horário, seu salário”, contou.




