O presidente da Argentina, Javier Milei, causou polêmica em discurso após ameaçar tirar a Argentina do Mercosul
Durante o Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça (23), Milei defendeu o gesto feito pelo bilionário Elon Musk que remete à saudação nazista, comemorou o que chamou de “conquistas econômicas de seu governo e ameaçou tirar a Argentina do Mercosul.
Assim, o mandatário falou durante 30 minutos para empresários. Disse que era preciso formar uma “aliança internacional” entre líderes de direita para defender os projetos ultraliberais. Dessa forma, o argentino citou que essa reunião deveria ser formada por líderes como o presidente dos EUA, Donald Trump, e os primeiros-ministros da Itália, Giorgia Meloni, e de Israel, Benjamin Netanyahu.
Ele disse também que as políticas implementadas por ele na Argentina são “um exemplo” de responsabilidade fiscal. “A Argentina se tornou um exemplo mundial de responsabilidade fiscal, de compromisso com nossas obrigações, de como acabar com o problema da inflação”, conforme Milei.
O país, no entanto, terminou 2024 com uma inflação anual acumulada de 117,8%, uma taxa de juros de 32% e fechou o terceiro trimestre do ano com um índice de pobreza na faixa dos 38,9%.
Defesa de Musk
“Meu querido amigo Musk foi injustamente difamado pelo progressismo nas últimas horas por um gesto inocente que significa apenas a sua gratidão ao povo”, conforme o presidente da Argentina.
Veja o gesto que Elon Musk fez
O bilionário de extrema direita gerou uma onda de indignação após fazer um gesto que remete à saudação nazista para apoiadores de Donald Trump. Nesse sentido, o gesto aconteceu após Musk ressaltar que a posse de Trump “marcou um ponto de virada para a civilização humana” e expressar sua empolgação com os planos de pousar uma missão tripulada em Marte durante o segundo mandato de Trump.
No discurso, Milei também voltou a criticar as pautas progressistas e alguns direitos humanos. Assim, como a imigração, debate sobre a proteção ao meio-ambiente, o feminismo e a diversidade. Segundo ele, é preciso restabelecer um “mundo Ocidental” apenas com “políticas liberais”.
Fora do Mercosul?
Antes do discurso na cúpula, Milei deu uma entrevista à Bloomberg afirmando que deixaria o Mercosul se fosse necessário para firmar um acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Ele afirmou que não precisaria tomar medidas “tão drásticas” caso chegasse a um acordo com os outros integrantes do bloco (Brasil, Paraguai e Uruguai).
“Há mecanismos que podem ser usados mesmo com o Mercosul, então não pensamos que esse acordo pode ser feito sem necessariamente ter que sair”, disse.
O mandatário argentino é crítico ao Mercosul desde o início do seu mandato. Em 2024, ele não participou da cúpula do bloco em julho, no Paraguai. Dias antes do encontro, ele havia se reunido com o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL). Estavam no evento de extrema direita Conferência Política de Ação Conservadora (Cpac), realizado em Balneário de Camboriú, no estado de Santa Catarina.
Em dezembro, ele voltou a criticar o bloco. Mas, dessa vez durante a assinatura do acordo comercial entre os países do Mercosul e da União Europeia. Na ocasião, ele chamou o grupo de “prisão” e afirmou que o bloco foi um “obstáculo para o desenvolvimento da Argentina nas últimas décadas”.
Fonte: exame