Várias pesquisas afirmam que, a pessoa que tem privação de sono possui risco muito mais alto de ter doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e depressão

Dormir mal à noite pode afetar seriamente a saúde. Desde o momento em que se acorda até a hora de deitar, muitas pessoas não conseguem desgrudar o olho de telas de celular, computador, televisão… Mas isso tem um efeito colateral inesperado: dificuldade para dormir. E isso afeta o corpo de várias maneiras.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup nos Estados Unidos, quase 40% da população dorme menos de sete horas por noite. É o seu caso?

Não dormir o suficiente todos os dias acarreta muitos problemas de saúde e eles podem promover diversos outros em efeito dominó. Veja alguns deles abaixo.

Dormir mal à noite causa gripes e resfriados

Você fica sempre doente. A cada vez que um colega de trabalho aparece fungando pela manhã, você treme só de pensar: vou ficar gripado. Um estudo publicado no Archives of Internal Medicine, mostrou que o motivo de ficar doente com frequência tem como uma das causas a falta de sono.

Quando um grupo de 153 pessoas foi exposto ao vírus que causa a gripe comum, aqueles que dormiram menos de sete horas por noite nas duas semanas anteriores apresentaram quase três vezes mais chances de ficarem doentes do que os participantes que haviam dormido oito horas ou mais.

A qualidade do sono é outro fator que influencia – as pessoas que passaram 92% do período em que estavam na cama efetivamente dormindo tinham 5,5 vezes mais chances de ficar doentes do que as pessoas que dormiam 98% a 100% do período em que estavam deitadas.

Problemas gastrointestinais

Não dormir o suficiente pode piorar os sintomas de doença inflamatória intestinal (DII) e de refluxo ácido e aumenta o risco de desenvolver síndrome inflamatória intestinal. Além disso, as pessoas que sofrem de doença de Crohn têm duas vezes mais chances de terem recaídas quando não dormem o suficiente. Essas descobertas foram publicadas no World Journal of Gastroenterology.

Irritabilidade e alterações de humor

Pesquisadores descobriram que interrupções e distrações incomodam mais as pessoas quando elas não dormiram as horas que deveriam à noite. Um grupo de pesquisadores israelenses observou que reclamações de irritabilidade e volatilidade emocional são comuns após noites mal dormidas.

O estudo realizado por esse grupo descobriu que os impactos emocionais de eventos disruptivos – como ser interrompido no meio de uma tarefa – são amplificados quando se dorme pouco.

Dores de cabeça e enxaquecas

Você já notou que, após uma noite mal dormida, é comum não só ficar mais irritado, mas também experimentar dores de cabeça? Pesquisadores ainda não sabem exatamente como a privação de sono causa dores de cabeça, mas essa é uma conexão que a medicina conhece há mais de um século.

Crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por dormir muito pouco, e entre 36% a 58% das pessoas com apneia do sono acordam com dores de cabeça, segundo estudos publicados na revista científica Headache.

Dormir mal à noite causa dificuldade em aprender

A privação de sono interfere em nossa habilidade de lembrar e processar novas informações – o motivo pelo qual vários cientistas recomendam que as aulas nas escolas comecem mais tarde.

Um estudo realizado com alunos entre 11 a 14 anos demonstrou que “atrasar o início das aulas em uma hora, das 7:30 para as 8:30, aumenta a média de notas em pelo menos 2 pontos porcentuais em matemática e em um ponto porcentual em leitura”. Estudos nesse sentido foram publicados nas revistas Nature Neuroscience.

Fixação da memória e dos novos aprendizados. Durante o sono, o cérebro organiza as informações que estão acumuladas, guardando aquelas que são consideradas importantes e descartando dados desnecessários. É nesse período também que consolidamos aquilo que aprendemos durante o dia.

Isso acontece porque é durante o sono que ocorre a produção de proteínas responsáveis por construir as conexões entre os neurônios, melhorando os processos de memória e aprendizagem.

Redução do desejo sexual

Dormir horas suficientes é importante para a saúde sexual. Além de interferir no desejo sexual e na resposta genital, o sono também parece estar ligado ao número de relações com o parceiro. Privação de sono e noites mal dormidas estão conectados à redução da libido e disfunções sexuais. Pessoas que sofrem de apneia do sono parecem ter risco maior.

Essas descobertas foram publicadas em vários periódicos científicos: American Journal of Obstetrics and Gynecology, Behavioral Brain Research , Journal of Sexual Medicine, Sleep Medicine e Brain Research.

Problemas de visão

Dificuldades em se concentrar no texto? A privação de sono tem relação com problemas como visão dupla, perda de visão periférica, visão obscura. Quanto mais tempo se passa acordado, mais erros visuais a pessoa comete, e maiores as chances de alucinação, segundo estudo publicado no International Journal of Occupational Medicine and Environmental Health.

Dormir mal à noite causa ganho de peso

Pessoas que dormem pouco podem apresentar desequilíbrios hormonais que causam cansaço e tendem a aumentar o apetite, a vontade de comer alimentos calóricos e menor capacidade de controlar impulsos. É claro que se gasta mais calorias quando se está acordado do que dormindo, mas não o suficiente para compensar o que se come quando se está exausto. Esse efeito da falta de sono foi documentado nas revistas Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism PLOS Medicine, Nature Communications e PNAS.

Dormir bem ajuda no combate à obesidade e ao sobrepeso. Tenta-se emagrecer e não se consegue perder alguns quilinhos mesmo fazendo dieta e exercícios físicos, e tudo tem relação com o sono ou falta dele.

Só dormir bem não faz emagrecer, mas dormir mal pode fazer o corpo consumir mais calorias durante o dia. Isso acontece porque é durante o sono que produzimos a leptina, um hormônio que gera a sensação de saciedade. Além disso, pessoas que sofrem de insônia produzem mais grelina, um hormônio que aumenta a fome e reduz o gasto de energia.

Pressão alta

Quando dormimos mal ou em quantidade insuficiente, nosso organismo fica em permanente estado de alerta e estresse durante a noite, aumentando assim a concentração de adrenalina na corrente sanguínea. Como consequência, nossa pressão arterial fica mais alta.

Com o tempo, a repetição desses episódios pode fazer com essa elevação se torne permanente, causando a hipertensão.

Dormir mal à noite causa depressão

A depressão e o sono estão intimamente relacionados. Vários estudos científicos já demonstraram que pessoas que dormem entre 6 a 8 horas por dia apresentam uma melhor qualidade de vida. Além de menos riscos de desenvolver uma depressão.

Pessoas que dormem menos de 6 horas ou mais de 9 horas por noite costumam apresentar índices maiores dessa doença do que o restante da população.

Coração – sistema vascular

Um dos principais motivos que explicam por que é importante dormir bem, de acordo com especialistas, está na saúde do coração e do sistema vascular. O sono insuficiente ou de má qualidade prejudica a produção de hormônios e de outras substâncias no nosso organismo, o que pode favorecer problemas como colesterol alto ou má circulação.

Pessoas que estão em constante privação de sono ou que acordam muitas vezes durante a noite, por exemplo, estão mais sujeitas a sofrer ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais.

Diabetes

Dormir mal pode piorar quadros de diabetes e até mesmo favorecer o surgimento dessa doença. Desse modo, para pacientes diabéticos, o sono de má qualidade pode aumentar a resistência à insulina, causando um aumento dos níveis de glicose no sangue.

Além disso, é durante o sono que o organismo consegue estabilizar a taxa de açúcar na corrente sanguínea. Dessa forma, pessoas que dormem mal podem sofrer alterações no nível de glicose, favorecendo o surgimento da diabetes do tipo 2 (quando o paciente produz pouca insulina ou é resistente a esse hormônio).

Dormir mal à noite: cansaço e estresse

É durante os estágios mais profundos do sono que nosso cérebro se recupera do cansaço e do estresse do dia a dia. Por isso, pessoas que não dormem o suficiente ou que acordam durante a noite costumam ficar menos concentradas e produtivas no dia seguinte.

As consequências disso são, dificuldades no trabalho, irritabilidade, fadiga e sonolência diurna. Assim também, a baixa capacidade de concentração e até mesmo um aumento no risco de acidentes. Afinal,  o cérebro não consegue ficar alerta como deveria.

Com o tempo, esses sintomas causam uma redução na qualidade de vida da pessoa, tornando-a mais propensa a fazer uso abusivo de álcool e outras drogas, piorando ainda mais o problema.

Desempenho físico – O hormônio do crescimento, conhecido como GH, é produzido durante noites de sono profundo e sem interrupções – é por isso que as crianças precisam “dormir para crescer”. Quando somos adultos, o GH é responsável por manter o tônus muscular, melhorar o desempenho físico e evitar o acúmulo de gordura.

Assim, dormir bem não é importante apenas para recuperar nosso corpo do cansaço. Também é para permitir que ele tenha uma boa resposta aos exercícios físicos e aos treinos na academia.

O que é dormir bem?

Embora a recomendação mais comum seja dormir de 6 a 8 horas, a duração ideal de sono varia de pessoa para pessoa. Enquanto alguns indivíduos se sentem plenamente renovados com 6 horas bem dormidas, há quem precise dormir de 9 a 10 horas para se sentir bem.

Entretanto, o mais importante, é descobrir quanto tempo de sono você precisa por dia e procurar respeitá-lo o máximo possível.

Em síntese, agora que você sabe por que é importante dormir bem, procure valorizar o seu tempo de descanso. Garanta que seu quarto seja um ambiente tranquilo e evite fazer refeições pesadas à noite. Caso você esteja com dificuldades para pegar no sono ou acorde durante a noite, consulte um clínico geral ou neurologista para identificar as causas do problema.