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Um novo estudo estima que aproximadamente 620 milhões de pessoas sofram de dores lombares em quase 10 por cento da população mundial até 2050.

Dores lombares, uma pandemia silenciosa em todo o mundo

Há uma pandemia em crescimento gradativo, adverte um novo estudo publicado recentemente na revista especializada “The Lancet Rheumatology”.

Um novo estudo estima que aproximadamente 620 milhões de pessoas sofram de dores lombares em todo o mundo, uma maleita que afetará quase 10 por cento da população mundial até 2050.

Dessa forma, a boa notícia a única é que não se trata de uma doença infecciosa provocada por um vírus ou uma bactéria. A má é que afeta atualmente 620 milhões de pessoas e, segundo os dados disponíveis, espera-se que venha a afetar quase 10 por cento da população mundial nas próximas três décadas, até 2050. Falamos nas dores lombares.

O estudo, realizado pelo Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME) da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, mostra que as pessoas de idade avançada são as que correm maior risco, uma vez que a prevalência da dor lombar aumenta com a idade e atinge o auge aos 85 anos.

“Da perspectiva dos cuidados da saúde, as diretrizes de práticas clínicas da maioria dos países carecem de recomendações específicas sobre como cuidar de uma pessoa idosa com dores lombares. Mas, os idosos são a população mais vulnerável a esta condição”, explica Manuela Ferreira, professora da Universidade de Sydney e autora principal do estudo.

A dor lombar é a principal causa de incapacidade em todo o mundo 

Segundo os dados, em 2020, a dor lombar causou um total de 69 milhões de anos vividos com incapacidade (“years lived with disability”, ou YLD, em língua inglesa) em todo o mundo. O YLD é um indicador dos anos vividos com uma saúde inferior à ideal. Trata-se de um valor que tem diminuído percentualmente em todo o mundo desde a década de 1990, mas, no que diz respeito às dores de costas, não tem parado de aumentar, sendo a principal causa de incapacidade em todo o mundo.

Entre os principais fatores de risco para a dor lombar identificados no estudo, encontram-se a obesidade, fatores ergonômicos ocupacionais, ou seja, a postura adoptada, bem como a realização de movimentos rápidos e repetitivos ou o manuseio de cargas pesadas em contexto laboral– fatores que seriam a causa direta de 40 por cento dos casos de lombalgia.

Lombalgia, uma maleita global

O número de casos de dor lombar varia consoante a região geográfica, as causas e a idade. Segundo os dados disponíveis, recolhidos a nível local, regional e internacional entre 1990 e 2020 em 204 países. Além de territórios distintos, os países com as taxas mais altas de dor lombar (por idade) são a Hungria e a República Checa. Os países com as taxas mais baixas são o Myanmar e as Maldivas.

A investigação projeta um aumento da incidência de lombalgia em todo o mundo de 36,4 por cento até 2050, que afectará 843 milhões de pessoas, sobretudo na Ásia e em África.

Por isso, a maior parte deste aumento será impulsionado pelo aumento demográfico, exceto nas regiões sul e oriental da Ásia, na América Latina e nas Caraíbas, onde se espera que o motivo seja o prolongamento da esperança de vida.

“O impacto social e econômico da dor lombar é enorme. Implica perda de qualidade de vida, perda de produtividade laboral e dependência de fármacos para alívio da dor”, explica a doutora Jaimie Steinmetz, cientista, investigadora e gerente do IHME. “A nossa investigação mostra a necessidade de novas e melhores estratégias de prevenção de saúde pública, sobretudo para os idosos”, acrescenta.

“Além disso, nas populações em idade ativa, a dor lombar obriga cada vez mais pessoas a abandonarem os seus postos de trabalho, mais do que qualquer outro problema de saúde crónico. Por isso, esperamos que os dados globais do nosso estudo possam ajudar os legisladores e prestadores de cuidados médicos a desenvolverem ou melhorarem as estratégias de prevenção”, conclui.

Fonte: nationalgeographic