O dólar operou em alta e foi a 0,37% nesta quinta-feira (3), agora, os investidores esperam a votação do megapacote de impostos de Donald Trump, pela Câmara dos Deputados
O dólar opera em alta de 0,37% nesta quinta-feira (3), cotado a R$ 5,4407 perto das 09h30. Na véspera, a moeda fechou em R$ 5,4206, no menor patamar desde agosto. As negociações do Ibovespa, por sua vez, começam às 10h. Os investidores aguardam a votação do megapacote de cortes de impostos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pela Câmara dos Deputados, para descobrirem o futuro do dólar.
Entre muitos pontos, o texto prevê uma ampla redução de tributos e um expressivo aumento nos gastos públicos.
Com ele, a dívida pública dos EUA deve aumentar em US$ 3,3 trilhões na próxima década, agravando a situação fiscal do país e elevando a desconfiança em relação à maior economia do mundo.
Além disso, o mercado avalia a proximidade do fim do prazo de suspensão do tarifaço, após decisão de Trump em relação ao dólar. Os EUA têm buscado negociar com seus parceiros econômicos, mas apenas três acordos foram firmados. O terceiro, inclusive, foi anunciado nesta quarta: um acordo com o Vietnã.
Dólar opera em alta e vai a R$ 5,44, enquanto espera pacote orçamentário de Trump, veja mais detalhes a seguir sobre
No Brasil, a derrubada do projeto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) segue em foco. O presidente Lula defendeu nesta quarta a judicialização do IOF e negou rivalidade com Congresso. (leia mais abaixo)
A equipe econômica ainda insiste na necessidade da taxação ao IOF para fechar as contas de 2025. Como mostrou o g1, a queda na arrecadação e a resistência do Congresso podem levar a novos cortes do Orçamento.
Por fim, o mercado também acompanha a divulgação de uma série de indicadores econômicos nacionais e internacionais. Por aqui, o foco ficou com a produção industrial de maio, que recuou pelo segundo mês consecutivo.
No exterior, o relatório ADP, com dados de emprego dos EUA, mostrou fechamento de 33 mil vagas no mês passado, contra expectativa de abertura de 95 mil empregos no setor privado. Isso reforça a perspectiva de que o Federal Reserve possa começar a cortar os juros nos EUA.
O ‘grande e belo’ pacote orçamentário de Trump
O megapacote orçamentário de Trump em relação ao dólar, que reduz impostos, aumenta a verba contra imigrantes e corta programas sociais, pode ser votado pela Câmara dos Deputados dos EUA nesta quarta-feira (2), após ter sido aprovado pelo Senado do país na véspera.
Até o fechamento dos mercados, a votação ainda não havia acontecido. Intitulado de One Big Beautiful Bill (“Um grande e belo projeto”, em tradução livre), o texto prevê, entre outros pontos:
- aumento de recursos destinados ao controle da imigração;
- ampliação dos gastos com as Forças Armadas;
- cortes em programas sociais — especialmente na área da saúde;
- criação de novas isenções fiscais para gorjetas e horas extras;
- revogação de incentivos à energia limpa implementados pelo democrata Joe Biden.
A proposta prorroga os cortes de impostos implementados em 2017, durante o primeiro mandato de Trump. Em contrapartida, reduz os recursos destinados a programas como o Medicaid — que garante acesso à saúde para famílias de baixa renda.
Além disso, o projeto pode aumentar significativamente a dívida pública dos EUA. Portanto, o Escritório de Orçamento do Congresso dos Estados Unidos (CBO, na sigla em inglês) estima que o pacote orçamentário adicionará cerca de US$ 3,3 trilhões (aproximadamente R$ 18 trilhões) à dívida pública do país.
Após a aprovação no Senado, o projeto retornará à Câmara dos Deputados. Se for novamente aprovado, seguirá para sanção presidencial. A expectativa é que a votação ocorra já na próxima quarta-feira (9).
Trump deseja sancionar a lei até o feriado da Independência, em 4 de julho. O presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou em comunicado que pretende cumprir esse prazo.
Tarifaço: contagem regressiva para o fim da trégua
O tarifaço de Trump voltou a ganhar destaque após a estabilização da situação no Oriente Médio. A suspensão de 90 dias das tarifas impostas pelo republicano está prestes a expirar, e o baixo número de acordos firmados até o momento continua gerando preocupação.
Trump e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmaram (1) que o prazo não será estendido e as tarifas poderão ser restabelecidas após 9 de julho.
O Canadá cancelou (30) o imposto sobre serviços digitais direcionado a empresas de tecnologia dos EUA, poucas horas antes de sua entrada em vigor. A decisão foi interpretada como uma tentativa de destravar as negociações comerciais, que haviam sido interrompidas por Trump.
Além disso, a União Europeia busca um alívio imediato nas tarifas comerciais para setores estratégicos do bloco como condição para qualquer acordo com os EUA, segundo diplomatas ouvidos pela Reuters.
- O mercado avalia que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços ao consumidor e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo. Esse cenário pode levar à desaceleração da economia dos EUA e até a uma recessão global.
Diante das preocupações com as contas públicas e pelo tarifaço, a política de juros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também fica no radar.
Nesta semana, o presidente da instituição, Jerome Powell, voltou a afirmar que a instituição pretende “esperar e obter mais informações” sobre os impactos das tarifas na inflação antes de reduzir as taxas de juros, ignorando mais uma vez as pressões de Trump por cortes imediatos.
De olho no IOF
Sobretudo, o mercado continua com suas atenções voltadas para as contas públicas, especialmente após o Congresso Nacional ter derrubado, na semana passada., o decreto presidencial que alterava as regras e aumentava a cobrança do IOF.
Segundo a equipe econômica, a revogação do decreto do IOF deve resultar em uma perda de arrecadação de R$ 10 bilhões ainda neste ano. Contudo, especialistas ouvidos pelo g1 alertam que a medida pode levar o governo a adotar novos bloqueios e contingenciamentos no Orçamento de 2025.
O ministro da Fazenda, (1), Fernando Haddad, afirmou novamente que o governo precisa do aumento do IOF para equilibrar as contas em 2026.
O ministro também declarou que, para equilibrar as contas públicas, será necessário aprovar a Medida Provisória que aumenta a tributação sobre apostas eletrônicas (bets), criptoativos, fintechs e outros setores, além de cortar aproximadamente R$ 15 bilhões em benefícios fiscais.
Haddad minimizou (2) a crise do governo com o Congresso e voltou a refutar o termo “traição” na relação do Executivo com o Legislativo, mas afirmou que não foi o governo que deixou a mesa de negociação sobre o IOF.
O presidente Lula defendeu nesta quarta a decisão do governo de recorrer no STF contra a derrubada do aumento do IOF pelo Congresso.
“Se eu não for à Suprema Corte, eu não governo mais o país. Esse é o problema. Cada macaco no seu galho. Ele legisla, e eu governo”, disse o presidente.
O advogado-geral da União, (1) Jorge Messias, afirmou que o governo federal
Agenda econômica
Por aqui, a produção industrial de maio registrou a segunda queda consecutiva, intensificando o ritmo de perda de força em meio aos juros elevados. No entanto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor contraiu 0,5% no mês passado em relação a abril. Em comparação a maio do ano passado, houve uma alta de 3,3%.
Em conclusão, nos Estados Unidos, o setor privado registrou um fechamento de vagas de trabalho em junho, de forma inesperada. Todavia, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP, divulgado nesta quarta-feira, o país perdeu 33 mil postos no mês passado, após um aumento de 29 mil vagas em maio.
Fonte: g1