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Segundo a pesquisa Quaest, brasileiros com ensino superior completo foram os que mais rejeitaram o presidente Lula. 60% desaprovam o governo e 38% aprovam. Foto: agência brasil

Apoio a Lula recua e desaprovação chega a 50%, revela pesquisa Quaest

A nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (12), revela que 50% dos brasileiros desaprovam o governo Lula após meses de estabilidade

A nova pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta quarta-feira (12), mostra que a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a oscilar negativamente após meses de estabilidade. Segundo o levantamento, 50% dos brasileiros desaprovam o governo, enquanto 47% aprovam a gestão petista. Outros 3% não souberam ou não responderam.

Os números indicam uma leve inversão na tendência observada desde julho, quando a aprovação vinha crescendo dentro da margem de erro de dois pontos. Agora, o movimento é contrário: a aprovação recuou um ponto (de 48% para 47%) e a desaprovação subiu (de 49% para 50%).

Conforme a pesquisa Quaest, o tema da segurança pública teve forte influência na percepção dos eleitores, a megaoperação policial no Rio de Janeiro, as declarações de Lula sobre o episódio e o aumento da preocupação com a violência teriam freado a melhora na avaliação do governo.

“Se o tarifaço mudou a trajetória da aprovação a favor do Lula, a pauta da segurança pública interrompeu a lua de mel tardia do governo com o eleitorado independente”, avaliou Felipe Nunes, diretor da Quaest.

Entre os eleitores independentes, a desaprovação subiu de 48% para 52%, enquanto a aprovação caiu de 46% para 43% — uma diferença de nove pontos percentuais.

Tendência e histórico

Os indicadores estão em empate técnico pelo segundo mês consecutivo. Em outubro, aprovação e desaprovação ficaram praticamente iguais, algo que não ocorria desde janeiro. A diferença atual entre as avaliações é de três pontos percentuais, contra um ponto em outubro.

O pico de rejeição ocorreu em maio de 2024, quando a desaprovação chegou a 57% e a aprovação ficou em 40% — diferença de 17 pontos. Em dezembro de 2023, a situação era oposta: o governo tinha 52% de aprovação e 47% de desaprovação.

A pesquisa foi encomendada pela Genial Investimentos e ouviu 2.004 pessoas entre os dias 6 e 9 de novembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o nível de confiança é de 95%.

Segmentos: renda, gênero e religião

A desaprovação ao governo Lula aumentou entre os brasileiros com renda familiar acima de cinco salários mínimos: são 56% de desaprovação contra 42% de aprovação, revertendo o empate de outubro.

Entre as mulheres, houve empate técnico (51% aprovam e 46% desaprovam), enquanto entre os homens a desaprovação segue maior.

O mesmo cenário de equilíbrio aparece entre os católicos — 50% aprovam e 47% desaprovam — após vantagem petista no mês anterior. Já entre os evangélicos, Lula segue mais desaprovado (58%) do que aprovado (38%), mas a distância entre os índices diminuiu.

Educação e faixa etária

A rejeição cresce entre os brasileiros com ensino superior completo: 60% desaprovam o governo, ante 38% que aprovam. Por outro lado, entre quem tem ensino fundamental, o governo mantém saldo positivo — 55% de aprovação contra 40% de desaprovação.

Por faixa etária, há empate técnico entre pessoas de 35 a 59 anos (47% aprovam, 51% desaprovam). Já entre os idosos (60+), Lula mantém maioria favorável (53% de aprovação), enquanto entre jovens (16 a 34 anos) o quadro permanece estável.

Programas sociais e eleitores de 2022

Entre beneficiários do Bolsa Família, o governo mantém ampla aprovação — 65%, contra 32% de desaprovação. Por outro lado, entre quem não recebe o benefício, a avaliação é negativa: 54% desaprovam e 43% aprovam.

O levantamento também mostra que 82% dos eleitores que votaram em Lula no 2º turno de 2022 continuam aprovando o governo. Entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL), 87% desaprovam a atual gestão.

Avaliação geral do governo

Questionados sobre a avaliação geral do governo, 31% dos entrevistados classificaram como positiva, 38% como negativa e 28% como regular. Outros 3% não souberam responder.

Análise política

A análise política do levantamento indica que o avanço da pauta da segurança pública se tornou um ponto sensível para o governo Lula. As declarações do presidente sobre a megaoperação no Rio de Janeiro, classificando-a como “desastrosa”, contrariaram a percepção da maioria da população — 57% dos entrevistados discordam dessa avaliação. Especialistas apontam que o tema expôs uma distância entre o discurso do governo e o sentimento de parte significativa do eleitorado, especialmente o independente e o de renda mais alta, que valorizam políticas de combate à criminalidade.

Por outro lado, o encontro entre Lula e Donald Trump foi bem avaliado por 45% dos entrevistados, que consideraram o presidente brasileiro mais fortalecido após o diálogo com o ex-mandatário americano. O resultado reforça que, apesar da estagnação nos índices gerais, Lula ainda mantém base sólida entre beneficiários de programas sociais e em segmentos populares, enquanto enfrenta maior desgaste nas camadas médias urbanas.

Em síntese, o cenário mostra um governo em equilíbrio delicado, com estabilidade na aprovação entre seus apoiadores e crescente pressão de setores que cobram respostas mais firmes em áreas como segurança pública, economia e custo de vida.

Fonte: Quaest