A alimentação saudável não deve envolver restrições e tampouco é recomendável classificar os alimentos como “bons” e “ruins” ou “saudáveis” e “não saudáveis”
A conexão entre as emoções e os alimentos é muito forte e de difícil controle principalmente com os não saudáveis, pois comer pode ser uma das experiências de vida mais repleta de emoções. É fácil observar isso desde o aleitamento materno até quando preparamos comida para alguém, ambas situações que vinculam a alimentação ao amor.
Além da conexão emocional, determinados alimentos podem trazer conforto físico e emocional pelas lembranças de momentos especiais, como a macarronada de domingo da infância ou o bolo de chocolate da avó. Deste modo, ao consumir essas comidas é possível reduzir emoções negativas e prolongar as positivas, geralmente de maneira inconsciente e imediata.
Várias formas de comer são influenciadas pelas emoções e, quando a comida é usada como consolo ou alívio, o vínculo emocional fica mais forte. Comida pode ser amor, prazer, afeto, lembrança e recompensa.
No entanto, quando a comida é usada como recompensa fica praticamente impossível perceber os sinais internos de fome e saciedade. Pessoas que têm relacionamento emocional com a dieta referem falta de controle e critério nas escolhas alimentares. Assim, se tornam mais suscetíveis a episódios de compulsão alimentar.
Assim, em estágios mais severos de relacionamento emocional com a comida, o sentimento envolvido é a culpa e até mesmo raiva. Pois a pessoa consome grandes quantidades de alimentos em curto espaço de tempo até sentir-se mal, sem prazer ao comer e com grande risco de desenvolver algum transtorno alimentar.
Alimentos “bons” e “não-saudáveis”
A crescente preocupação com uma vida saudável, aliada ao conhecimento dos muitos fatores que afetam a saúde humana, tem levado a um maior interesse da população por uma alimentação saudável. Assim, a ideia de que a dieta tem um importante papel na promoção da saúde e prevenção de doenças está cada vez mais presente na consciência coletiva.
Porém, a alimentação saudável não deve envolver restrições e tampouco é recomendável classificar os alimentos como “bons” e “ruins” ou “saudáveis” e “não saudáveis”. Dentro de uma visão psicossocial, uma alimentação saudável depende de muitos fatores individuais, como família, cultura, religião, aspectos econômicos, preferências pessoais, conhecimentos e crenças.
Transtornos alimentares
Os transtornos alimentares são graves distúrbios nutrológicos e psiquiátricos, considerados importantes problemas de saúde. Os quadros clássicos têm seus critérios diagnósticos definidos pela Organização Mundial de Saúde ou Associação Americana de Psiquiatria. Recentemente, outros quadros de desordens alimentares têm sugeridos, entre eles a ortorexia nervosa ou simplesmente ortorexia. Descrita como um comportamento de preocupação obsessiva por saúde alimentar, qualidade dos alimentos e pureza da dieta.
A ortorexia, descrita em 1996 pelo médico Steve Bratman, diz respeito às pessoas que adotam comportamentos extremistas em relação à dieta e só se permitem consumir alimentos saudáveis. A ortorexia pode se apresentar tão grave quanto a bulimia e a anorexia, pois são situações que geralmente estão acompanhadas de culpa ao comer e uma distorção do prazer ao se alimentar. Portanto, casos mais avançados podem evoluir para deficiências de nutrientes e complicações médicas graves.
Muito antes do desenvolvimento de transtornos alimentares, muitas pessoas podem experimentar momentos de compulsão alimentar, que é o consumo de grandes quantidades de alimentos em curto espaço de tempo associado à sensação de perda de controle e seguido por sentimento de culpa. Se for recorrente, deve-se procurar ajuda médica para evitar as consequências físicas e emocionais.
Comer emocional
Outra desordem de relacionamento afetivo com a comida que a maioria das pessoas já vivenciou é o exagero alimentar. Que é o consumo aumentado ocasional de alimentos, mesmo sem a sensação de fome ou apetite. Exageros ocasionais são normais, desde que a alimentação regular e consciente seja retomada rapidamente.
O comer emocional pode estar ligado a inúmeros fatores, por isso, é importante refletir, identificar a fome e qual o tipo, associar a atenção plena ao comer e comer de acordo com os diferentes sinais do corpo, da mente e das emoções. Essas são boas opções para uma relação saudável entre alimentação e emoções.
Aprender a encontrar uma maneira de se confortar, nutrir, distrair e resolver questões sem usar a comida é necessário. Porém, exige atenção, prática e treino diário. Além disso, ter opções alternativas à busca da comida por razões emocionais também pode ser útil. Aliás, apoio profissional, muitas vezes, é a melhor opção para ajudar nesse processo.
Fontes: vigilantesdopeso, drjairo