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Forte crise entre Brasil e EUA, tem elevado tensão entre os mercados, nas últimas semanas. Foto: Reprodução/Getty Images

Crise entre Brasil e EUA eleva tensão nos mercados; China mantém juros e sinaliza cautela

Operação contra Bolsonaro agrava guerra comercial dos EUA contra o Brasil, causado crise entre os países

A semana começa sob forte crise geopolítica, entre EUA e Brasil, com desdobramentos que podem impactar diretamente a economia brasileira. A imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal no final da semana passada, foi interpretada como um ataque político ao atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Que tem sido um aliado público de Bolsonaro.

A reação do governo norte-americano foi imediata: o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou na noite (18) a revogação dos vistos de oito ministros do STF. Do procurador-geral da República, Paulo Gonet, e de seus familiares.

Segundo fontes do Departamento de Estado ouvidas pela Folha, essa medida seria apenas o início de uma série de retaliações contra o Brasil. Contudo, previstas para começar nesta segunda-feira.

Sobretudo, Trump teria declarado que “todas as opções estão na mesa” e comparou a decisão de Moraes a uma declaração de guerra contra os Estados Unidos. Entre as sanções em estudo estão o aumento imediato das tarifas sobre produtos brasileiros. Com alíquota podendo saltar de 50% para 100%, restrições ao uso de satélites e sistemas de navegação como o GPS. E medidas conjuntas com países da Otan.

Essas ações têm potencial para afetar duramente setores-chave da economia brasileira. Como o agronegócio, particularmente as exportações de soja, carne e açúcar, e a indústria de base, que depende do mercado americano para insumos e produtos acabados.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu com uma nota oficial classificando as medidas como “arbitrárias e sem fundamento”, e o Itamaraty já articula conversas com parceiros europeus e asiáticos para conter os danos. A crise ocorre em um momento de fragilidade para o Brasil, que enfrentou forte saída de dólares em dezembro e já vinha observando um aumento na aversão ao risco.

China mantém taxa de juros e adota tom cauteloso

A decisão do Banco Popular da China (PBoC) de manter inalteradas as taxas básicas de empréstimos nesta segunda (21), reforça o tom cauteloso da política monetária chinesa em meio a um cenário de incertezas.

A taxa de 3% para empréstimos de 1 ano, referência para crédito corporativo, e de 3,5% para empréstimos de 5 anos. Base para financiamentos imobiliários, permanecem nos menores níveis históricos. Todavia, após sucessivos cortes nos últimos anos.

A manutenção já era esperada pelo mercado, que interpreta o gesto como um sinal de prudência. A economia chinesa ainda enfrenta desafios relevantes. Como a persistente crise no setor imobiliário, altos níveis de endividamento público e empresarial, e uma confiança do consumidor ainda enfraquecida. Contudo, apesar desses obstáculos, os dados recentes mostram alguma estabilização, com crescimento moderado no setor industrial e sinais de melhora nas exportações.

O PBoC opta por preservar seu “poder de fogo” para reagir a choques futuros, especialmente diante da nova escalada geopolítica envolvendo Brasil e Estados Unidos. Um agravamento dessa crise pode afetar o comércio internacional, pressionar cadeias produtivas e reduzir a demanda global. O que exigiria respostas rápidas por parte de bancos centrais, inclusive o chinês.

Além disso, o PBoC tem utilizado outras ferramentas de estímulo. Como injeções pontuais de liquidez no sistema bancário, para manter o crédito fluindo sem aumentar os riscos financeiros. Por outro lado, a estratégia reflete um equilíbrio delicado: estimular a atividade sem inflar bolhas ou comprometer a estabilidade do sistema.

Fonte: uol