Mercado monitora decisão do Copom sobre a Selic e busca sinais do Banco Central para possível início dos cortes em 2026
Sinais de melhora na economia
Especialistas ouvidos pelo CNN Money apontam que o cenário da economia brasileira tem mostrado sinais de melhora. Pela sexta semana consecutiva, o Boletim Focus reduziu a projeção de inflação, atualmente em 4,55% para o fim de 2025.
As expectativas para horizontes mais longos também recuaram; no entanto, ainda permanecem acima da meta estabelecida de 3%. Com margem de 1,5 ponto para cima ou para baixo. Por outro lado, o ambiente externo está mais estável, especialmente em relação à política econômica dos Estados Unidos.
Desaceleração e desinflação no Brasil
Os dados mais recentes confirmam a desaceleração da economia brasileira, a perda de tração do crédito e um cenário de desinflação em andamento, sustentado pela valorização cambial, estabilidade das commodities, queda nos preços de alimentos e desaceleração dos custos de produção.
Apesar das melhoras, porém, especialistas acreditam que o BC manterá a Selic em 15% até o fim do ano, como forma de estratégia diante das atuais condições econômicas. Isso porque, o cenário ainda é marcado por um mercado de trabalho resiliente, além de um consumo elevado e, consequentemente, pressão sobre os preços de serviços.
Estratégia de manutenção dos juros
O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, afirma que manter a política monetária em patamar elevado tem consolidado o processo de transição da economia brasileira.
Copom do Banco central deve manter Selic em 15%, e mercado espera sinal sobre corte em 2026
Na mesma direção, Felipe Salles, economista-chefe do C6 Bank, afirma que as expectativas continuam desancoradas, justificando a continuidade de uma política monetária mais apertada.
“O Comitê deve justificar a manutenção da taxa de juros diante do cenário marcado por desancoragem das expectativas de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária contracionista”, cita Salles.
Cortes no 1º trimestre de 2026, mas quando?
Na última reunião, em setembro, o BC sinalizou que a Selic a 15% é suficientemente restritiva e que esse é o nível terminal do atual ciclo, retirando a expressão “continuação da interrupção”. No entanto, manteve a indicação de que a taxa será mantida por um período “bastante prolongado”.
Para esta reunião, a expectativa do mercado é de uma postura cautelosa, com tom hawkish — mais duro — e sem sinalização clara de corte, dizem os especialistas.
“O sinal forte de início de corte não vem nesta quarta. O Banco Central vai manter a Selic e deve apenas sinalizar que acompanhará os dados recentes da economia. Se houver algo no comunicado, será dizendo que há ‘margem’, mas sem afirmar”, disse Gustavo Trotta, especialista da Valor Investimentos.
“Um sinal mais evidente, acredito que acontecerá na última reunião, em dezembro.”
O mercado projeta que os cortes comecem no primeiro trimestre de 2026, mas não há consenso sobre a data exata.
Projeções do mercado para 2026
A Warren Investimentos estima o primeiro corte já em janeiro, com redução de 0,25 ponto.
“Na nossa análise, o BC fará ajustes graduais de 25 a 50 pontos-base, encerrando 2026 com a Selic em 12,25%. Esse patamar ainda é considerado restritivo, o que demonstra que esperamos um BC cauteloso nesse processo de normalização”, afirma Luis Felipe Vital, estrategista-chefe da Warren.
Já Gustavo Sung, da Suno Research, prevê o início dos cortes em março, com redução de 0,5 ponto percentual, encerrando o ano em 12,50%.
Trotta, da Valor, estima o primeiro corte entre março e abril, na faixa de 0,25 a 0,50 ponto.
“Prevemos entre quatro e seis cortes, acumulando entre 2,5 pontos e 3 pontos, em linha com o Focus, que projeta Selic entre 12% e 12,5% em 2026.”
Fatores de risco
Apesar da expectativa de cortes, especialistas apontam riscos que podem alterar esse cenário. No campo externo, o desenrolar da guerra comercial, os cortes de juros nos EUA e um eventual aumento nos preços das commodities são pontos de atenção.
“Essas questões podem afetar a inflação na ponta. Se houver algum choque inesperado que eleve os preços das commodities e pressione o câmbio, o processo de desinflação no Brasil pode ser comprometido”, alerta Sung.
No cenário interno, o ano eleitoral é outro fator de risco.
“Ano eleitoral, aumento de gastos e possíveis mudanças nas regras fiscais podem gerar pressão inflacionária. Isso pode ser um desafio para o BC”, conclui.
Expectativas para 2026
Por fim, os economistas esperam que 2026 seja um ano marcado por maior volatilidade.
“Teremos cortes de juros em países desenvolvidos, política fiscal pressionada e gastos acima do previsto. Tudo isso impacta diretamente a política monetária. Será um ano em que diversos indicadores precisarão ser monitorados de perto”, afirma Trotta.
Fonte: cnn

 

