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ONU pede corte nas próprias delegações na COP30, por conta da crise de hospedagem que afeta Belém. Foto: Reprodução

COP30: ONU pede corte nas próprias delegações em meio à crise de hospedagem de Belém

O secretário-executivo da ONU recomendou que os organismos especializados reduzam o tamanho de suas delegações na COP30, em Belém

O secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC) recomendou oficialmente que as agências das Nações Unidas e outros organismos especializados reduzam o tamanho das suas delegações que irão à COP30, em Belém.

Simon Stiell, chefe da entidade responsável pela organização das COPs, encaminhou o alerta (9). Em uma notificação enviada aos chefes do sistema ONU e as suas organizações parceiras.

No documento, Stiell afirma que, diante das restrições de capacidade da capital paraense, as delegações devem ser revistas e reduzidas “sempre que possível”.

“Tendo em vista as limitações de capacidade em Belém, gostaria de solicitar gentilmente que os chefes do sistema das Nações Unidas, agências especializadas e outras organizações relevantes revisem o tamanho de suas delegações na COP 30 e reduzam o número de delegações sempre que possível”, diz ele.

O alvo principal do alerta são os chamados overflow badges, credenciais extras frequentemente usadas para incluir assessores, técnicos e convidados que não fazem parte do quadro oficial da agência.

Nessa lista entram consultores, técnicos e até convidados que acompanham as delegações, mas que não são funcionários da ONU.

Sobretudo, em conferências anteriores, esse grupo cresceu de forma acelerada. Só no COP29, em Baku, mais de 14 mil pessoas entraram com esse tipo de crachá.

COP30: ONU pede corte nas próprias delegações em meio à crise de hospedagem de Belém, a seguir, confira mais detalhes sobre o assunto

Como alternativa, a ONU promete ampliar a participação virtual, permitindo que parte das equipes acompanhe as negociações a distância.

“Atualmente, as organizações da ONU não têm limitações no registro do número de participantes para a COP, mas serão orientadas a reduzir esse número, sobretudo no caso dos overflow badges”, diz um trecho da carta.

“A participação virtual estará disponível para todas as organizações da ONU e mais informações serão divulgadas oportunamente”, acrescenta.

g1 pediu à Secop um posicionamento sobre a recomendação do UNFCCC. Em resposta, a secretaria se limitou a informar que o Brasil reafirmou o compromisso de garantir condições inclusivas para os países menos desenvolvidos (LDCs) e os pequenos Estados insulares (SIDS). Oferecendo 15 quartos individuais na faixa entre US$ 100 e US$ 200, em linha com práticas de outras COPs.

Também afirmou que o país apoiou a revisão do teto da diária da ONU em Belém. Hoje em US$ 144, defendendo valores mais próximos aos de cidades brasileiras como Rio de Janeiro (US$ 229), São Paulo (US$ 234) e Paraty (US$ 435). (veja a nota na ÍNTEGRA ao final do texto).

Crise segue sem solução

Nesta semana, o governo federal anunciou que 71 países já reservaram suas hospedagens na COP30.

A lista inclui países como Japão, Espanha, Noruega, Portugal, Arábia Saudita, Egito, República Democrática do Congo e Singapura.

A plataforma oficial do governo registrou mais de 40 confirmações, segundo o Ministério do Turismo e a Secop. Enquanto outros negociaram diretamente com hotéis e plataformas de hospedagem.

“É importante destacar, porém, que isso não resume a quantidade de países que confirmaram a presença da COP30, já que todas as 196 partes já manifestaram interesse em participar do evento em Belém”, diz a Secop.

Apesar do número, a preparação do evento segue marcada por incertezas. Nos bastidores, há pressão da ONU para que o Brasil subsidie diárias de delegações de países pobres. Já que o valor atual pago pela organização — US$ 144, cerca de R$ 756 — não cobre os custos em Belém.

Na plataforma oficial do evento, as diárias mais baixas giram em torno de US$ 350 (quase R$ 2 mil).

Delegações pedem que ONU aumente o subsídio de diárias

Segundo a Casa Civil e a Secop, uma das demandas que continua sendo feita pelas delegações é a de que a ONU aumente o subsídio de diárias para Belém.

Ao mesmo tempo, a ONU pediu que o próprio governo brasileiro ajudasse pagando parte das hospedagens para os países em desenvolvimento. A proposta foi recusada pelo Brasil.

Por isso, uma força-tarefa foi montada para acelerar o número de confirmações. Segundo o governo federal, um grupo técnico está atuando junto com as delegações para entender as principais dificuldades e buscar alternativas.

“A gente acredita que muitos países estavam esperando a reunião de hoje do bureau para ver o que traríamos como respostas. É uma inferência nossa. A ideia é termos um grupo de pessoas para ligar para os pontos focais dessas delegações para saber o que está acontecendo e como podemos ajudar”, explicou em agosto o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia da Silva.

  • Nota da Secop, na ÍNTEGRA:

“O Brasil reafirmou seu compromisso em assegurar condições inclusivas para delegações LDCs e SIDS disponibilizando 15 quartos individuais entre US$ 100 e US$ 200, em linha com práticas adotadas em outras COPs.

Além disso, o Brasil apoiou a reivindicação dos representantes dos países no Bureau para que o Secretariado da UNFCCC revise o teto da diária da ONU (DSA) para Belém, hoje fixada em US$ 144. Defendendo valores compatíveis com cidades brasileiras como Rio de Janeiro (US$ 229), São Paulo (US$ 234) e Paraty (US$ 435).

Atualmente, 71 países já reservaram sua hospedagem (tanto pelas acomodações da plataforma oficial quanto fora dela). É importante destacar, porém, que isso não resume a quantidade de países que confirmaram a presença da COP30. Já que todas as 196 partes já manifestaram interesse em participar do evento em Belém”.

Fonte: g1