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Com a queda da Selic, a tendência é que os investimentos em renda variável,  fiquem mais atrativos do que os de renda fixa

Como ficam os investimentos com os juros a 13,25%

Com a Selic ainda elevada, ativos de renda fixa continuam tendo bom desempenho

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu (2) a taxa básica de juros do país (Selic) de 13,75% para 13,25% ao ano, no primeiro corte em três anos, a decisão, além de baratear o crédito, impacta diretamente o rendimento de investimentos financeiros.

Mas, afinal, quais opções passam a ser mais vantajosas?

Com a queda da Selic, a tendência é que os investimentos em renda variável (de maior risco e sem retorno previsto no momento da aplicação) fiquem mais atrativos do que os de renda fixa.

Especialistas responderam, no entanto, que esse movimento deve ocorrer ao longo do tempo  e diante de possíveis novas reduções dos juros. Enquanto isso, com a Selic ainda elevada, ativos de renda fixa continuam tendo bom desempenho.

São exemplos de renda variável:

  • ações de empresas;
  • determinados tipos de fundos de investimentos;
  • fundos imobiliários;
  • câmbio.

E de renda fixa:

  • títulos do Tesouro Direto;
  • CDBs (Certificados de Depósitos Bancários);
  • LCI (Letra de Crédito Imobiliário);
  • LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).

Já a poupança, preferida entre os brasileiros, continua com um dos piores desempenhos, mesmo tendo registrado em junho sua maior rentabilidade real, ou seja, descontada a inflação  em quase seis anos;

Comparativo de investimentos

Simulações do buscador de investimentos Yubb mostram que, com a Selic a 13,25%, diversos investimentos em renda fixa continuam atrativos. Com rendimento real, ou seja, descontados a inflação projetada e o Imposto de Renda de até quase 10% para o período de 12 meses.

Projeções de investimentos com a Selic a 13,25%

As opções com maior retorno previsto são as debêntures incentivadas  títulos emitidos por empresas para financiar seus projetos e operações. Na sequência, estão as LCIs e as LCAs. Todas essas aplicações são isentas do pagamento de Imposto de Renda (IR).

Assim, com a Selic a 13,25% e a perspectiva de desaceleração da inflação, o retorno líquido real (ganho acima da inflação) esperado para uma aplicação no Tesouro Selic, por exemplo, é de 5,42% para o período de 12 meses.

Já para os investimentos em CDB, a rentabilidade média projetada é de 2,91% em 12 meses para aplicações em títulos de bancos grandes e de 6,92% em bancos médios, já descontados inflação e IR.

Aliás, o presidente e fundador do Yubb, Bernardo Pascowitch, afirma que o ciclo de queda dos juros deverá contribuir para maior aplicação de recursos nas empresas listadas na B3, a bolsa de valores brasileira.

“Nesse sentido, a diversificação em renda variável por parte do pequeno investidor passa a ser uma estratégia interessante. Mas desde que realizada em respeito ao seu perfil de tolerância ao risco e à volatilidade”, diz.

Pascowitch sugere que, em renda fixa, o investidor também busque opções no mercado secundário ambiente onde podem ser feitas negociações de títulos antes do seu vencimento. Portanto, para ter acesso a esse mercado, o investidor precisa do suporte de sua corretora ou banco de investimentos.

“Tem sido possível encontrar ótimas oportunidades e altas rentabilidades de títulos de renda fixa no mercado secundário de bancos e corretoras”, conclui.

Rendimento da poupança

Apesar de ser uma das opções menos rentáveis, a poupança registou em junho deste ano sua maior rentabilidade real (ou seja, descontada a inflação) em quase seis anos. Aliás, é o que mostram dados compilados por Einar Rivero, do TradeMap.

Os ganhos reais da caderneta nos 12 meses encerrados em março chegaram a 5,22%, melhor resultado desde agosto de 2017, quando atingiu 5,05% na mesma base de comparação.

Além disso, os números da poupança estão no azul desde setembro de 2022. Completando 10 meses seguidos de rendimentos acima da inflação.

Projeções

Especialistas ouvidos reforçam que a tendência é que a renda variável se torne mais atrativa do que a renda fixa. Esse movimento, no entanto, deve ser percebido ao longo do tempo e diante de possíveis novas reduções da Selic.

O Copom, do Banco Central, costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da taxa básica de juros. Sendo assim, neste ano, o comitê ainda deverá se reunir outras três vezes.

Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, ressalta que o início de um ciclo de queda de juros ajuda a fortalecer os ativos de risco, em especial os investimentos de longo prazo.

“Dentro de bolsa de valores, a preferência é por ações que mais apanharam no ciclo de aperto monetário e estresse fiscal, que são as small caps [ações de empresas de capital aberto com baixo valor de mercado]. Elas são mais sensíveis a juros. Então, em um ciclo de flexibilização, tendem a ganhar mais”, diz.

Segundo o especialista, os títulos atrelados à inflação com duração mais longa também têm uma maior atratividade nesse cenário.

Onda de valorização das ações

Para Carlos Honorato, professor da FIA Business School, apesar de ainda ser cedo para uma migração em massa de investidores da renda fixa para a variável, esse é um movimento que deve ocorrer.

“Como temos visto nos últimos dias, há uma tendência de aumento do investimento em bolsa de valores. Você começa a sair um pouco da renda fixa e vai comprar um pouco mais de risco, com títulos da Bolsa, fundos imobiliários e câmbio”, diz.

Honorato destaca que esse pode ser o início de uma onda de valorização das ações. “O mercado financeiro pode ser uma opção para aqueles que querem diversificar”. Diz, reforçando que os fundos multimercados podem sentir o impacto positivo diante do maior apetite por risco.

Vale lembrar que, na hora de investir, especialistas também recomendam que seja avaliada não só a rentabilidade, mas também os objetivos do investimento.

Além disso, é preciso levar em consideração o tempo que o dinheiro poderá ficar bloqueado, a necessidade de resgates antes do vencimento da aplicação e a disposição a assumir mais ou menos risco.

É recomendado ainda que o investidor já possua uma reserva de emergência constituída antes de partir para a diversificação e para opções de maior risco e prazos mais longos. Ou seja, antes de partir para o investimento, o primeiro passo é juntar dinheiro.

Fonte: G1