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Embora ainda haja muito a ser compreendido sobre os mecanismos do sono, esse estudo representa um avanço significativo. - Foto: Arquivo/ unsplash.

Ciência está próxima de criar “cochilos artificiais” por meio de sono induzido

A ciência está avançando rapidamente para decifrar os mistérios do sono, um estado essencial para a recuperação física e mental

Agora, pesquisadores deram um passo significativo rumo à criação de “cochilos artificiais” por meio de estímulos cerebrais induzidos. Um estudo recente, publicado na revista Science, revela como ondas cerebrais específicas podem replicar alguns benefícios do sono, sem que seja necessário dormir de fato.

O sono é muito mais do que apenas descanso: ele desempenha um papel crucial na concentração, agilidade, reflexos e no bem-estar geral. No entanto, a privação de sono continua sendo um problema global, afetando o humor e a saúde mental de milhões de pessoas. Compreender os mecanismos por trás dos benefícios do sono pode abrir caminho para soluções inovadoras, especialmente para quem luta para manter uma rotina de descanso adequada.

O experimento com macacos

Nesse contexto, um novo estudo utilizou cochilos como ponto de partida para explorar as transformações que ocorrem no cérebro durante o repouso. Além disso, os cientistas investigaram formas de emular essas mudanças sem depender do sono propriamente dito.

Pesquisadores conduziram um experimento com macacos, que foram submetidos a uma tarefa de discriminação visual antes e depois de um intervalo.

Durante esse intervalo, parte dos animais descansou acordada, enquanto outro grupo teve a oportunidade de tirar um cochilo de 30 minutos em estado de sono NREM (movimento ocular não rápido).

Assim, os resultados foram claros: os macacos que cochilaram apresentaram um desempenho significativamente melhor na segunda rodada da tarefa, sugerindo que o sono breve aprimorou a capacidade cognitiva e a precisão na execução das atividades.

Sincronia e ondas delta

Durante o estudo, o monitoramento cerebral revelou um dado intrigante: os neurônios dos macacos que dormiram exibiram uma perda de sincronia, o que, segundo os cientistas, pode permitir que as células nervosas atuem de forma mais independente. Essa independência parece ser fundamental para o processamento mais eficiente das informações.

Nesse sentido, outro achado relevante foi o aumento da atividade das ondas delta, de baixa frequência, durante o sono NREM. Essas ondas foram associadas diretamente à melhoria do desempenho cognitivo.

Sono induzido: uma nova fronteira

Para testar a hipótese de que as ondas delta são um dos principais fatores por trás dos benefícios do sono, os cientistas decidiram replicar a experiência de forma artificial.

Assim, utilizando estimulação cerebral com ondas de 4 Hz, eles induziram a mesma atividade neuronal observada nos macacos que dormiram. O resultado? Efeitos semelhantes aos obtidos com o cochilo, incluindo a perda de sincronia neuronal e a melhora na performance das tarefas visuais.

O futuro dos “cochilos artificiais”

Embora ainda haja muito a ser compreendido sobre os mecanismos do sono, esse estudo representa um avanço significativo. A possibilidade de induzir estados cerebrais semelhantes ao sono abre portas para novas terapias. Especialmente para pessoas que não conseguem dormir o suficiente ou enfrentam problemas de saúde relacionados à privação de sono.

Por fim, o sono continua a ser um enigma fascinante, mas, com a ciência avançando nessa direção, estamos cada vez mais próximos de transformar cochilos artificiais em uma ferramenta revolucionária para o bem-estar humano.

Fonte: IGN