O Brasil recebeu recentemente, em Indaiatuba, o Global Champions Arabians Tour, circuito global que reúne os melhores cavalos árabes do mundo, confira
O Brasil entrou na rota dos grandes eventos equestres internacionais, (13 e 14), o Helvetia Riding Center, em Indaiatuba (SP), recebeu pela primeira vez o Global Champions Arabians Tour (GCAT) — circuito global de prestígio que reúne os melhores cavalos árabes do mundo. E, além disso, movimenta mais de € 24 milhões (R$ 141 milhões) em premiações ao longo da temporada.
A realização da etapa brasileira não aconteceu por acaso
Entre 2015 e 2024, o país exportou US$ 77 milhões (R$ 415,8 milhões) em cavalos vivos de raças com alto valor genético, como puro-sangue inglês (PSI), puro-sangue árabe (PSA), quarto de milha e lusitano. Em 2024, o total já soma US$ 8,5 milhões (R$ 45,9 milhões), com os Estados Unidos como principal destino — US$ 1,7 milhão (R$ 9,2 milhões) apenas em garanhões reprodutores de raça pura. Reconhecido pela consistência de seus criadores e pelo papel crescente no mercado internacional, o Brasil se consolida como uma potência emergente na equinocultura de elite.
Os números reforçam a escolha dos organizadores do evento para sediar uma das etapas no país. Que ocupa a quarta posição global em rebanho de equinos, com 5,5 milhões de animais — atrás apenas de China, México e Estados Unidos. Indaiatuba, por sua vez, é considerada um polo estratégico do setor: além de abrigar o Helvetia Riding Center, a cidade sedia eventos de peso como a Exposição Nacional do Cavalo Árabe. A maior da América Latina.
Em 2024, a exposição movimentou R$ 19 milhões em negócios, sendo mais de R$ 12 milhões apenas com a venda de animais, óvulos e embriões. Portanto, segundo dados da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe (ABCCA). Indaiatuba também se destaca no treinamento de cavalos de polo, com um trabalho focado na preparação genética dos animais.
Mais do que uma competição, o GCAT é uma celebração do cavalo árabe como patrimônio cultural
Sobretudo, em um circuito que já passou por cidades como Cannes, Doha e Miami Beach, e que culmina com a final em dezembro, no Qatar. Todavia, criado em 2023, o circuito propõe uma plataforma global que une esporte de elite, tradição e experiências imersivas — como os shows de Gilberto Gil e da dupla Fernando & Sorocaba, que integraram a programação brasileira.
“Nossa missão é construir um legado que una excelência, integridade, prestígio e paixão. O cavalo árabe representa isso em cada detalhe”, afirmou à Forbes Brasil o sheik Mohammed bin Nasser Al Thani, deputy CEO do Tour e membro da família real do Qatar.
Com categorias que vão de fêmeas de um ano a machos adultos, o Tour avalia os animais por critérios como tipo, expressão da cabeça, pescoço, harmonia de corpo e movimentação. Além da fidelidade aos padrões da linhagem árabe. Contudo, a cada etapa, os cavalos somam pontos, e o grande campeão da temporada será definido na final em Doha.
Confira a conversa exclusiva de Sheikh Mohammed bin Nasser Al Thani com a Forbes Brasil a seguir
Sheikh Mohammed bin Nasser Al Thani, o que motivou a escolha do Brasil, especificamente Indaiatuba, como uma das etapas do Global Champions Arabians Tour este ano?
O Brasil desempenha um papel essencial no cenário equestre internacional; possui uma cultura equina rica e dinâmica, além de uma comunidade crescente de criadores e entusiastas de cavalos árabes. Escolher o Brasil foi uma decisão estratégica voltada a fortalecer a presença global do evento. E reconhecer o potencial do país como porta de entrada para o mercado latino-americano. Indaiatuba, em particular, se destacou por sua infraestrutura excepcional, forte tradição equestre local e preparo logístico para sediar um evento dessa magnitude. Queríamos garantir que nossa estreia no Brasil refletisse os padrões de excelência pelos quais somos conhecidos, e Indaiatuba ofereceu a combinação perfeita de profissionalismo, acessibilidade e entusiasmo.
Para além da competição em si, o Tour oferece uma experiência cultural e sensorial. Como essa integração entre esporte, música e tradição reflete os valores que buscam promover com o circuito?
No coração do Global Champions Arabians Tour está o compromisso com cinco valores fundamentais: excelência, integridade, prestígio, paixão e legado. Esses valores moldam cada elemento do evento, desde o nível da competição até a atmosfera cultural imersiva que criamos em torno de cada evento. Ao combinar esporte de elite com música, tradição e experiências cuidadosamente elaboradas, mantemos um padrão de excelência que reflete nossa ambição de elevar o mundo do cavalo árabe a novos patamares.
Quais são os principais critérios que definem um campeão no mundo dos cavalos árabes, e como o prêmio impacta o valor global desses animais?
Um cavalo árabe campeão é definido por uma combinação de critérios: tipo, cabeça e pescoço, corpo e linha superior, pernas e movimento. Os juízes avaliam cada animal não apenas pela beleza, mas também por como ele representa os ideais históricos e genéticos da linhagem árabe. A magnitude da premiação, que hoje ultrapassa 24 milhões de euros, eleva significativamente a visibilidade e a importância do esporte. Ela impacta diretamente a valorização global dos cavalos vencedores e de sua progênie. Impulsionando o comércio internacional, os programas de reprodução e o prestígio das fazendas envolvidas. Mas, além do valor financeiro, vencer um título do GCAT é uma marca de excelência que pode definir o legado de um cavalo por décadas.
Você vê o Global Champions Arabians Tour como uma ponte diplomática e cultural entre o Oriente Médio e o Ocidente? Como o evento contribui para essa troca?
Sem dúvida. Uma das visões fundadoras do GCAT foi justamente servir como uma ponte cultural, não apenas entre Oriente e Ocidente, mas entre tradição e modernidade. Desse modo, o cavalo árabe é um símbolo atemporal do patrimônio cultural em todo o mundo árabe. E, ao levá-lo a destinos internacionais icônicos, estamos compartilhando uma história de beleza, resiliência e conexão.
Fonte: Forbes