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Câncer colorretal, doença que ceifou a vida da cantora Preta Gil, tem afetado jovens e adultos. Foto: Reprodução/Redes Sociais

CÂNCER COLORRETAL: Doença que vitimou Preta Gil, cresce entre jovens

Nas últimas três décadas, o câncer colorretal, doença que matou Preta Gil, tem crescido entre jovens e adultos, segundo levantamento internacional, publicado no British Medical Journal

Nos últimos anos, pesquisas vêm registrando um aumento nos diagnósticos de câncer entre adultos jovens. Um levantamento internacional, publicado no British Medical Journal, revela que o número de tumores no público abaixo de 50 anos cresceu quase 80% nas últimas três décadas. Entre essas doenças, uma das que mais chamam a atenção pelo seu avanço expressivo nessa população é o câncer colorretal, que vitimou a cantora Preta Gil. 

A missão dos médicos e cientistas agora é entender os motivos pelos quais o problema tem aparecido em maior escala – e mais cedo. Desse modo, as principais hipóteses vão de mudanças na dieta e outros hábitos a expansão da própria obesidade mundo afora.

“O crescimento dos casos de câncer colorretal entre adultos jovens é uma realidade que preocupa especialistas, sociedades médicas e órgãos governamentais — e cuja causa ainda está sendo compreendida”, afirma o oncologista Gustavo Fernandes, vice-presidente de Oncologia da Rede Américas.

Alimentos ultraprocessados podem causar câncer colorretal

No campo da dieta, estudos já associam a maior propensão ao câncer de intestino ao maior consumo de alimentos ultraprocessados, carne vermelha e bebidas açucaradas, por exemplo. Na contramão, a menor ingestão de fibras, que geralmente vêm de frutas, verduras, legumes e grãos integrais, também está ligada ao fenômeno.

Conectadas ao padrão alimentar, alterações na flora intestinal também estão sendo vinculadas à maior probabilidade de desenvolver a doença mais cedo. Nesse sentido, experimentos ligam o predomínio de certas bactérias no aparelho digestivo a desordens capazes de culminar no câncer.

“Estudos recentes levantam a possibilidade de que alterações na microbiota intestinal, muitas vezes iniciadas ainda na infância, possam desempenhar um papel importante. Essas alterações podem estar associadas ao uso indiscriminado de antibióticos e, mais recentemente, ao impacto de microplásticos ingeridos com alimentos e água, que podem influenciar o equilíbrio da flora intestinal”, diz Fernandes.

Além disso, já há uma soma de evidências que apontam para o “peso” da obesidade no câncer colorretal. O ambiente inflamatório perpetuado pelo excesso de gordura corporal estaria implicado em uma cadeia de processos bioquímicos que podem abrir caminho a células malignas.

Nesse contexto, o sedentarismo também dispara como um novo fator de risco para a doença.

“Embora mais dados sejam necessários, é certo que precisamos olhar para essa mudança com atenção e agir sobre os fatores que já conhecemos. Como a recomendação de colonoscopias de rastreamento em idade apropriada e a promoção de hábitos saudáveis”, ressalta o oncologista.

Influência familiar e rastreamento

Fora o impacto dos hábitos e do ambiente, sabe-se que, em alguns contextos, existe uma influência genética para que a doença se manifeste mais precocemente. Potencialmente de forma mais agressiva – o que pode levar a metástases, quando o tumor se espalha para outros tecidos além do foco original.

As evidências científicas disponíveis levam a crer que, sim, é possível reduzir as chances de desenvolver o câncer colorretal por meio de mudanças no estilo de vida. A adesão a um cardápio com comida mais natural, fresca e de origem vegetal é a principal medida, além da adoção de atividade física regular.

Mas tão importante quanto essas atitudes é prezar por um check-up periódico. Nesse sentido, alguns exames são relevantes. Recentemente, entidades médicas passaram a defender a realização da colonoscopia a partir dos 40 anos – uma década antes da prescrição anterior.

Caso haja sintomas suspeitos ou casos na família, o especialista pode sugerir que o exame seja feito mais cedo.

Por fim, outro teste, menos invasivo e usado em maior escala, é a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Cujo resultado positivo sublinha a necessidade de uma maior investigação com a colonoscopia.

Fonte: Veja