Foram investidos R$ 98.524,80 em recursos do FIC para a realização do projeto
Projeto financiado pelo Fundo de Investimentos Culturais da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, o Campão a Pé – Percurso Histórico e Cultural vai apresentar o centro histórico de Campo Grande para as pessoas que se interessarem. Vai proporciona percursos a pé, pelo Centro Histórico de Campo Grande/MS, de forma a (RE) descobrir espaços, paisagens, edifícios, histórias e memórias. Sendo assim, foram investidos R$ 98.524,80 em recursos do FIC para a realização do projeto.
Portanto, serão 36 percursos distribuídos em nove meses, que ocorrerão aos sábados pela manhã, com limitação de 20 vagas por percurso. Aliás, os ingressos podem ser adquiridos de forma gratuita, por meio da plataforma SYMPLA – https://www.sympla.com.br/produtor/campaoape.
A primeira visita vai ser realizada no próximo dia 17 de dezembro, às 9 horas, com saída na Avenida Afonso Pena, em frente ao Sesc Cultura. Além disso, o roteiro das visitas é fixo: são visitados 14 pontos oficiais do Campão a Pé. Fora a própria experiência de caminhar a pé pela cidade, de conhecer um pouco da nossa memória, da nossa história.
“A gente começa pelo Sesc Cultura, da Avenida Afonso Pena, dali a gente vai para a estátua do Manoel de Barros, daí à Casa Modernista, na Barão, o Bar do Zé, a 14 de Julho. Onde a gente fala um pouco sobre o Edifício Nakao, do Hotel Americano. A gente desce para a Calógeras e falamos sobre o edifício dos Correios, a antiga Casa da Memória, que era a casa do Arnaldo Estêvão de Figueiredo, ali na Calógeras com a Barão. Daí a gente vai para a Casa do Artesão, na Afonso Pena com a Calógeras, Loja Maçônica. Depois a gente desce para a Morada dos Baís, Colégio Oswaldo Cruz, Praça das Índias. E a gente finaliza o nosso percurso no Mercado Municipal.
Projeto Campão Pé no centro de Campo Grande
Esse percurso varia de duas horas a duas horas e pouquinho, e a gente fala um pouco sobre as edificações, suas histórias. A gente contextualiza dentro da própria história da cidade, falamos um pouco sobre as nossas vivências, sobre o patrimônio cultural.
A ideia é que a pessoa tenha uma imersão nessa cidade que muitas vezes a gente não percebe. A ideia é que a gente tenha uma percepção da nossa cidade a partir do ato de caminhar”. Diz o proponente do projeto, o professor de História e arquiteto João Santos.
Assim, o projeto Campão a Pé teve início em 2018, ainda não tinha esse nome, que chega somente em 2019. “Mas em 2018 eu iniciei os percursos. Comecei com os meus alunos, dava aulas na Facsul para o curso de Arquitetura e Urbanismo, e depois tive uma ação com o Sesc no Centenário da Morada dos Baís em 2018.Daí esse projeto continuou no âmbito da Faculdade, enquanto professor, em em 2021, eu resolvi tirar do ambiente acadêmico e levar para uma ação mais estruturada.
Foi quando eu coloquei o projeto no AirBnb. Logo depois a gente foi para o Festival Campão Cultural, desenvolvemos dois percursos no Campão Cultural, um da Ferrovia e um do Centro, que é o carro-chefe desse projeto de agora, apresentamos para o FIC, aprovaram, e agora a gente está iniciando essa nova retomada do Campão a Pé financiada pelo Fundo de Investimentos Culturais”.
Moradores devem conhecer a cidade
Segundo João, a ideia sempre foi o foco com o morador, com o residente da nossa cidade, o cidadão campo-grandense. Justamente com o intuito de despertar o interesse ou sensibilizar esse morador para com o patrimônio cultural, para nossa história, para nossa memória, principalmente da região Central. “O que eu ouço muito nos percursos é: ‘Eu nunca tinha visto este prédio, eu nunca tinha visto este detalhe, eu não sabia dessa história’.
Então o projeto é de educação patrimonial, e a minha ideia, a minha vontade, os meus anseios é que a pessoa. Logo depois de realizar este percurso, ela consiga divulgar, difundir, disseminar as informações e as boas novas que ela conheceu e ouviu, para mais pessoas. Para que a gente possa ter esse sentimento de pertencimento, enxergar na nossa cidade nosso potencial cultural, turístico, social. De como a nossa história é importante, relevante, fugir um pouco da ideia de que Campo Grande não tem nada para fazer, que Campo Grande não tem história. Ou algo do tipo como a gente já ouviu falar por aí.
O nosso patrimônio é nosso, é a nossa referência cultural, é aquilo que nos faz enquanto campo-grandenses, pertencendo à nossa história. A ideia é que o projeto sirva como um fator de sensibilização, sensibilizar o morador local para a nossa história. Para a nossa memória, para o nosso patrimônio cultural, que está ali, todos os dias. Sendo palco para o nosso dia-a-dia e que muitas vezes a gente não consegue ver”.
“E andar a pé é uma forma de a gente reconhecer esses espaços. De ônibus a gente não consegue perceber a cidade, de carro a gente não percebe a cidade, de bicicleta a gente começa a perceber a cidade. Mas nós não temos ciclovias, então isso dificulta.
Quem participa do projeto
Agora a pé, é impossível, as pessoas estão andando, os edifícios estão na altura do observador e a gente consegue perceber e sentir a cidade. Eu gosto de fazer este percurso com a cidade pulsando, então por isso que é no sábado de manhã. Enfim a gente está com muita vontade, garra, para que as pessoas consigam visitar, fazer o percurso, levar um visitante, a gente está chegando no final do ano. Muita gente vem visitar a família, então levar a família, a gente quer que a pessoa receba alguém de fora e diga: “Olha, vamos fazer o Campão a Pé que você vai conhecer um pouco da nossa cidade”. Eu já recebi turistas de Minas, do Rio, de São Paulo, e o que eu percebo é que as pessoas desconhecem o que tem para fazer em Campo Grande, o que pode para fazer, um pouco da nossa história”.
João é professor de História pela UFMS, Arquiteto formado pela Uniderp, Mestre em Conservação e Restauração de Monumentos e Núcleos Históricos. Bem específico para trabalhar com o patrimônio cultural edificado.
“E agora estou no doutorado pela UFBA e desenvolvo pesquisas na área do patrimônio ferroviário e dos edifícios ferroviários. Tendo como recorte a rotunda de manutenção, uma edificação que é própria para manutenção e reparos de locomotivas e de vagões que a gente tem aqui em Campo Grande. Sou produtor cultural, desenvolvo pesquisas, ofereço consultorias. Tenho um pouco de experiência na área de gestão do patrimônio cultural porque fui chefe de Divisão Técnica do Iphan. Agora atuo no lado de cá do balcão, prestando serviços para o Iphan e desenvolvendo projetos de restauro, educação patrimonial”.
Fonte: fundacaodecultura