A pesquisa da startup mostra que a maioria dos brasileiros quer comprar uma casa, mas só uma pequena parcela tem condições de realizar esse sonho
O aluguel pesa no orçamento dos brasileiros: quem não tem casa própria desembolsa, em média, 31% da renda familiar com o pagamento, segundo o Censo QuintoAndar de Moradia, realizado em parceria com o Datafolha.
O valor médio de aluguel no Brasil é R$ 686, mas pode chegar a muito mais dependendo da região. Aliás, a média mais cara é a do Sudeste, com quase o dobro do valor cobrado no Nordeste:
- Sudeste: R$ 824 (34% da renda familiar)
- Sul: R$ 791 (33% da renda familiar)
- Centro-Oeste: R$ 640 (30% da renda familiar)
- Norte: R$ 579 (29% da renda familiar)
- Nordeste: R$ 400 (27% da renda familiar)
Já o financiamento imobiliário tem um valor médio mais alto, mas compromete menos do orçamento das famílias. Com isso, os dados “indicam que a renda média de quem tem a casa própria é, sim, superior à renda daqueles que moram de aluguel“, explica Thiago Reis, gerente de dados do QuintoAndar.
Orçamento dos Brasileiros
Segundo a pesquisa, o financiamento compromete 27% da renda familiar no país e uma parcela custa R$ 715. Veja o custo médio por região:
- Sudeste: R$ 867 (28% da renda familiar)
- Norte: R$ 802 (39% da renda familiar)
- Sul: R$ 770 (28% da renda familiar)
- Nordeste: R$ 462 (19% da renda familiar)
- Centro-Oeste: R$ 458 (31% da renda familiar)
O estudo — realizado entre 11 e 21 de outubro do ano passado com 3.186 pessoas (44% do Sudeste, 15% do Sul, 8% do Centro Oeste, 26% do Nordeste e 8% do Norte) — aponta ainda que, entre as regiões metropolitanas, o financiamento mais caro é o de São Paulo (R$ 1.206), à frente do Rio de Janeiro (R$ 1.111) e de Belo Horizonte (R$ 827).
Apesar da média, um em cada quatro brasileiros gasta mais que o aconselhável com o pagamento do aluguel mensal. Sendo assim, isso é um alerta vermelho.
“Os especialistas em gestão financeira aconselham que uma família gaste até 30% do seu orçamento com aluguel. A média nacional está no limite do aconselhável. No entanto, o censo mostra que 25% compromete mais que isso. No cenário econômico atual, só reforça que é preciso negociar, tentar chegar a um valor que caiba no bolso”, diz Reis.
Preparação financeira
A pesquisa da startup mostra que a maioria dos brasileiros quer ter a casa própria , mas só uma pequena parcela tem condições de realizar esse sonho. Mais da metade (57%) dos entrevistados que pretendem mudar de casa nos próximos dois anos querem comprar um imóvel, mas só 45% deles tem planejamento financeiro para isso.
É o caso do casal Talita Lopes, funcionária pública, e Cleidson Sales, instrutor de autoescola. “Trabalho tanto e gostaria de uma casa ampla para os meus filhos crescerem e brincarem”, diz ela. Faz dois anos que os dois sonham com uma casa, mas esbarram em algumas dificuldades. A principal delas é a de reunir a entrada, seguida pela de assumir uma dívida longa e alta para a aquisição.
“Faz 2 anos que tenho o plano em mente, porém sempre tivemos dificuldade de colocar em prática o plano de guardar dinheiro devido às circunstâncias que aparecem no meio do caminho. E os imóveis exigem pelo menos uma boa entrada, seja direto com o vendedor ou por financiamento. Atualmente, é difícil você guardar dinheiro. O pouco que ganhamos é para as necessidades básicas“, conta Lopes.
Sonho da Casa Própria
Entre quem está preparado para comprar, a maioria é das classes AB (58%), não tem filhos (52%) e vive em região metropolitana (40%).
“O censo mostrou que a casa própria é um sonho da maior parte dos brasileiros, inclusive dos mais jovens. Ela é colocada acima de outros valores importantes, como religião, casar e ter filhos. No entanto,o problema é que é um bem caro. E nem todo mundo se programa para realizar esse sonho. Muito reflexo da educação financeira. Ou melhor, da falta dela no país. A gente aprende muito tarde, e às vezes não aprende, a lidar com o dinheiro. Como não existe essa cultura do planejamento, fica difícil conquistas como a da casa, que é algo grande e demanda investimento”, explica Reis.
Além disso, o financiamento é o método de compra escolhido por mais da metade dos entrevistados (52%), seguido pelo pagamento à vista (25%), pedido de ajuda financeira da família (9%) e de consórcio (9%).
Por outro lado, 28% dos entrevistados que pretendem se mudar devem alugar uma casa, principalmente porque não têm dinheiro para comprar. Mas, para conseguir alugar, a maioria vai optar pelo depósito caução (57%).
Por fim, o levantamento aponta que o método mais utilizado na hora de buscar um novo lar é por meio de plaquinhas de rua (48%). Imobiliárias tradicionais, busca por sites e aplicativos vêm em segundo (41%).