Mudanças de hábito, tecnologia e redução de impostos estão entre os fatores que trouxeram US$ 11 bi em importações diretas em 12 meses
O potencial da abertura do comércio no Brasil ao mundo foi notado sobre os brasileiros em criptoativos nos dados divulgados pelo Banco Central por meio da balança comercial.
De janeiro a outubro, os brasileiros importaram mais de US$ 16 bilhões em criptoativos e pequenas encomendas, enquanto exportaram US$ 3,7 bilhões desses mesmos itens.
De acordo com relatório Setor Externo Outubro 2022, do Inter, a discrepância entre a balança comercial calculada pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e a calculada pelo Banco Central foi de US$ 14,2 bilhões.
Essa diferença se dá principalmente pela negociação internacional de bens de pequeno valor, via encomendas, e investimentos dos brasileiros em criptoativos.
Esse montante se dá devido à metodologia de cálculo em que os órgãos adotam para controlar a movimentação financeira de importação e exportação no Brasil. A Secex captura importação e exportação por meio do processo alfandegário, o que passa no porto e na alfândega com todo o processo de documentação tradicional de importação.
Banco Central
Já o Banco Central faz uma captura mais abrangente, pois consegue fazer o monitoramento pela movimentação de câmbio, resultando em uma aferição mais abrangente.
O Banco Central é responsável pela divulgação do balanço de pagamentos que inclui não só a balança comercial – calculada também pela Secex – mas também os serviços (viagens, transporte, seguro, fretes, remessas de dividendos, tecnologia, etc).
A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, explica que, desde 2020, começou no Brasil esse movimento de importação de encomendas de pequeno valor – como o BC está chamando – que são as compras de sites estrangeiros, como o Shopee, Shein, Ali, etc.
O consumidor compra diretamente do site e a entrega é feita diretamente na casa dele.
“O brasileiro vem amadurecendo com as compras online, além de ter tido mudança de tecnologia, na qual permite o consumidor acessar lojas fora do Brasil e fazer transações com cartão”, diz Vitória.
Relatório
Segundo o relatório do Inter, o crescimento das importações a partir de 2020 tem despertado atenção, especialmente em um país com economia relativamente fechada e onde a pauta de substituição de importações orientou por muitos anos os planejadores de política econômica.
“No ano, as importações devem chegar a US$ 270 bilhões, marcando novo recorde. E ocorre em meio a um cenário de desvalorização do real de cerca de 30% desde 2019”.
Na visão da economista-chefe do Inter, o avanço das encomendas internacionais é uma pequena amostra do como pode ser uma abertura comercial no Brasil. “Bem ou mal, está liberando o comércio, mesmo com os pequenos valores e com o câmbio desvalorizado”.
Vitória considera esse movimento como positivo para o brasileiro, pois é uma oportunidade de se consumir com baixo custo. “Dessa forma, economia do Brasil ganha justamento no controle da inflação, pois abre o comércio do país para produtos de valor menor. A família brasileira pode consumir mais, gastando menos”, destaca.
O Brasil tem uma tradição de olhar a importação de uma maneira negativa, desde a década de 80. Atualmente, existem várias políticas para barrar a importação, como o controle de tarifas e políticas de proteção da indústria local dos brasileiros em criptoativos.
“Isso deveria ser visto de outra forma, pois fechar a economia brasileira, pois aumenta a competitividade internamente”, pontua Vitória.
Quando se abre o Brasil para fora, na opinião da economista, abre também o mercado para exportação. “Enquanto se libera o país de importar mais, abre também um cenário de exportar mais. Vimos hoje uma corrente de comércio bater recordes em 2022, porque exporta mais e importa mais. Isso é colocar o Brasil no comércio Global de maneira intensa”, ressalta.
Importação no Brasil
Dados do Banco Central mostram que número de importações de pequeno valor via encomendas internacionais e operações por meio de facilitadora de pagamentos, como as compras feitas por brasileiros em sites de outros países, aumentou 100 vezes em 10 anos.
Em 2013, elas somaram US$ 83 milhões, saltando para US$ 8,49 bilhões neste ano, no período entre janeiro e setembro (último mês com números divulgados).
Em relação ao ano passado, quando foram US$ 5,67 bilhões, 2022 registrou um aumento de quase 50%. Se considerado apenas o período de janeiro a setembro de 2021, quando foram US$ 3,92 bilhões, a alta chega a 116%.
Fontes: faroldabahia, portaldobitcoin