O equipamento otimiza o tempo nas atividades e controla o consumo de água e energia
Projeto de Iniciação Científica desenvolvido por estudantes do distrito de Anhanduí está incentivando a sustentabilidade com práticas na agricultura familiar de plantio e garantindo alimentos frescos para a escola e para a comunidade.
Trata-se do estudo Sistema da Tecnologia Social das Hortas Mandalas: Integrando Educação Profissional e Educação do Campo na perspectiva do Desenvolvimento Sustentável. O estudo desenvolvido por quatro alunos do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Pólo Francisco Cândido de Rezende. Eles aprenderam na prática como a combinação do cultivo consciente e do conhecimento científico promovem uma prosperidade coletiva.
Dessa forma, a proposta selecionada na terceira edição do Pictec, Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do Estado de Mato Grosso do Sul, lançado em 2023.
A iniciativa da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), órgão do governo o responsável por gerenciar os investimentos em inovação bem como, pesquisas científicas no estado. Do mesmo modo, o órgão é vinculado à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação). O apoio garantiu bolsas de R$400 mensais para os estudantes e de R$800 para a orientadora, por um período de 12 meses, para o desenvolvimento do estudo.
Agricultura familiar em Anhanduí
Sob orientação da professora-orientadora Caroline Silveiro Mossi, e coorientação das professoras Letícia Patricia de Castro e Amanda Uchoa, os alunos-bolsistas Ariel Pereira, Michele Nascimento, Samara Silva e Thiago Andrade começaram o projeto explorando o saber local. Eles também conversaram com agricultores da comunidade para conhecer suas experiências e saber quais cultivos eram mais viáveis na região.
Por exemplo, os selecionados foram alface, couve de folha, couve-flor, beterraba, cebolinha, salsa, rúcula, cenoura, milho e maracujá.
“As hortas mandalas consistem na produção de alimentos em que o plantio é feito em circular, permitindo que as plantas se ajudem de acordo com as suas características. O formato traz elementos da natureza, como as cortinas quebra-ventos, plantas repelentes a insetos. Assim também, plantas melíferas e as plantas invasoras, que contribuem na recuperação da biodiversidade e do controle ecológico”, destaca Caroline.
Para garantir a polinização, os estudantes colocaram caixas com abelhas na horta. Mas, com apoio de técnicos da Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) instalaram no centro uma caixa com jataí, espécie sem ferrão. Assim também, caixas com mamangavas foram instaladas nos arcos das duas entradas da mandala.
“Como meu plano de trabalho é focado no estudo da meliponicultura, o momento mais marcante do projeto foi participar das práticas relacionadas aos cuidados com as abelhas sem ferrão, principalmente porque eu não conhecia a existência delas. Nessas atividades, fiz várias descobertas, como a fabricação de iscas para capturá-las”, conta a aluna Michele Nascimento.
Plataforma Arduino
A irrigação do plantio reforçada com o desenvolvimento de um sistema robótico que utiliza a plataforma Arduino para criar um indicador visual do nível de umidade e saúde do solo.
Painéis de LED inseridos na horta acendem conforme o nível detectado pelo sensor: vermelho para solo seco, amarelo para umidade moderada e verde para solo úmido. O equipamento otimiza o tempo nas atividades e controla o consumo de água e energia.
“A primeira vez que o Arduíno funcionou, depois de algumas tentativas sem sucesso, foi um momento marcante. Aquela felicidade após o LED se acender pela primeira vez foi indescritível. Mas, definitivamente, o Led não foi a única coisa que cintilou, minhas ideias começaram a brilhar mais forte”, declara o estudante Thiago Andrade.
Por isso, a estudante Samara Silva conta que o projeto trouxe uma nova forma de enxergar a ciência na agricultura familiar de Anhanduí.
“Ter finalizado o processo da plantação das hortaliças me deu uma sensação de realização. Colher o que nós plantamos é sensacional. Mas, hoje entendo que a tecnologia não é somente o acesso às redes sociais e plataformas da internet. Ela está inserida no sistema de irrigação que investigamos e, consequentemente, auxiliando ainda mais nossa horta que é um outro exemplo de tecnologia social”, explica.
Para a orientadora, a iniciação científica faz com que o aluno seja protagonista do seu aprendizado. “Com o Pictec, eles desenvolvem autonomia, responsabilidade, dedicação e engajamento nas atividades de pesquisa. Então, o ato da leitura, da oralidade e da escrita outros pontos importantes reforçados no projeto”, ressalta a professora.
Fetecms Fundect
O foco da equipe no momento é a preparação para apresentar o projeto na maior feira científica do Centro-Oeste do Brasil, a Fetecms (Feira de Tecnologias, Engenharias e Ciências de Mato Grosso do Sul). O evento realizado pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) tem o apoio da Fundect em Campo Grande. O evento ocorre entre os dias 20 e 23 de outubro.
Estudantes de escolas públicas e federais do ensino médio ou técnico integrado, com trabalhos aprovados no Pictec 3, e selecionados pelo edital da Feira, poderão competir na categoria Fetecms Fundect para concorrer a troféus, medalhas e credenciais para eventos científicos em nível nacional.
Sendo assim, para o estudante Ariel Pereira, participar do evento é uma oportunidade ímpar de vivenciar um congresso científico e poder apresentar o desenvolvimento da pesquisa.
“Será minha primeira vez participando de uma feira científica, e estou muito empolgado com a nova experiência que a Fetec me proporcionará. Pretendo apresentar os resultados da produção de olerícolas da horta mandala, além das práticas agroecológicas aplicadas, como o uso do biofertilizante, destacando suas vantagens e desvantagens. Também levarei à feira o diferencial da nossa horta mandala em comparação com outros sistemas mandalas já existentes”, frisa Ariel.
Fonte: gov.ms