O BNDES liberou crédito para empresas atingidas pelo tarifaço de Trump por meio de um canal específico
Um mês depois do lançamento, em Brasília, do Plano Brasil Soberano, o pacote de socorro de R$ 40 bilhões do governo federal para as empresas mais afetadas pelo tarifaço de trump sobre as exportações brasileiras, o BNDES abriu hoje um canal específico para as firmas interessadas darem entrada nos pedidos de crédito.
O primeiro passo para recorrer ao socorro será verificar a elegibilidade de cada empresa ao programa, no site do BNDES. Sobretudo, as consultas estarão disponíveis a partir de 8h.
Passo a passo
Segundo o banco de fomento, uma vez no link, disponível aqui, os passos são os seguintes:
- O usuário da empresa deve se autenticar, utilizando a plataforma Gov.br, exclusivamente por meio do certificado digital da firma
- Após a autenticação, o sistema informará se a empresa é elegível
- Se a empresa for elegível, a página informará quais soluções do Plano Brasil Soberano poderão ser solicitadas
- A recomendação do BNDES para as firmas elegíveis de menor porte é que o interessado entre em contato com o banco comercial com o qual já têm relacionamento, que poderão repassar os financiamentos
- No caso das empresas de maior porte, com empréstimos acima de R$ 50 milhões, podem fazer o pedido diretamente ao BNDES
Como o BNDES e a equipe econômica já havia anunciado, têm direito ao crédito subsidiado as empresas, de todos os portes, cuja receita com exportações aos Estados Unidos de bens incluídos nas sobretaxas aplicadas pelo governo Donald Trump seja igual ou superior a 5% de seu faturamento bruto total entre julho de 2024 e junho de 2025.
Os bens atingidos pelas sobretaxas devem estar conforme uma lista publicada no site do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), disponível aqui.
Os juros dos empréstimos, contudo, vão de 7,2% ao ano a 10,3% ao ano, dependendo da linha de crédito e do porte da empresa. Todavia, os prazos vão de cinco a dez anos, com carência de um ou dois anos, também dependendo da linha.
Ao todo, são quatro linhas de crédito:
- Capital de Giro, para financiar gastos operacionais gerais
- Giro Diversificação, para financiar a busca de novos mercados
- Bens de Capital, para financiar a aquisição de máquinas e equipamentos
- Investimentos, para financiar projetos de inovação tecnológica, adaptação da atividade produtiva de produtos, de serviços e de processos, e adensamento da cadeia produtiva
R$ 40 bilhões em crédito
No Plano Brasil Soberano, o total de R$ 30 bilhões em crédito com juros abaixo das taxas de mercado vem do Fundo Garantidor de Exportações (FGE). Contudo, o BNDES passou a emprestar parte dos recursos do FGE, que já existia para garantir as operações de financiamento do comércio exterior, após a alteração de suas regras por medida provisória (MP).
Adicionalmente aos recursos do FGE, o banco de fomento mobilizou mais R$ 10 bilhões, de fontes próprias, que estarão disponíveis para quaisquer empresas que tenham sido afetadas pelas sobretaxas americanas, mesmo que o impacto seja abaixo de 5% do faturamento bruto anual, com condições menos vantajosas do que as do FGE.
Nesse caso, são duas linhas de crédito:
- Giro Emergencial Complementar, para financiar gastos operacionais gerais
- Giro Diversificação Complementar, para financiar a busca de novos mercados
Manutenção de empregos em contrapartida
Como já anunciado, além da elegibilidade inicial, as empresas beneficiadas pelos empréstimos do Brasil Soberano terão que se comprometer a manter o nível de empregos.
Em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, frisou esse ponto, lembrando que “a contrapartida é manter os empregos para a economia continuar crescendo e o país não ser prejudicado por essas medidas autoritárias, unilaterais e injustificadas”, numa referência às sobretaxas comerciais aplicadas pelos EUA.
“O governo do presidente Lula busca a negociação e não vai deixar ninguém para trás, a exemplo do que fizemos com Rio Grande do Sul, quando o BNDES entrou com R$ 29 bilhões e o estado se recuperou e viu a economia crescer no ano passado, após o maior desastre natural da história”, diz a nota de Mercadante.
Fonte: o globo