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Biocombustíveis impulsionam agronegócio e produção de soja. Avaliação é do presidente do Conselho da Embrapa, Carlos Augustin Foto: Semadesc

Demanda global por energia pode impulsionar soja, avalia ministério

Biocombustíveis impulsionam agronegócio e produção de soja

O governo brasileiro avalia que o aumento da produção de biocombustíveis pode dar fôlego ao agronegócio nacional mesmo diante do excesso global de soja esperado para o próximo ano.

A avaliação é do assessor especial do MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuária) e presidente do Conselho da Embrapa, Carlos Augustin, para quem o Brasil vive uma transformação estrutural na forma de produzir e consumir alimentos e energia.

Apesar das projeções de forte oferta da soja no mercado internacional, especialmente depois da retomada do comércio entre China e Estados Unidos, a ala técnica do governo ligada à agricultura avalia que o risco de desequilíbrio é limitado. Para Augustin, a conjuntura mudou de forma definitiva.

A agricultura é também energia

“A agricultura não é mais só alimento, é também energia. Isso é uma mudança de configuração que não volta atrás”, disse à CNN Brasil.

Ele explica que a bioenergia e o uso do farelo como insumo para ração e biocombustíveis abriram uma nova fronteira de demanda, capaz de sustentar preços e consumo mesmo com safras recordes.

“O mundo tem mais bocas para alimentar, mas agora também motores que podem ser movidos a biocombustível. Antes, a agricultura produzia só comida; hoje, ela produz alimento e energia. Não é moda, é uma onda mundial”, afirmou.

O otimismo de Augustin se apoia na política do Combustível do Futuro. Ela prevê aumento gradual da mistura de biocombustíveis ao diesel, gasolina e querosene.

A iniciativa, conduzida pelo governo federal, amplia o consumo interno da soja. Além disso, fortalece o mercado do farelo e reduz a dependência de importações de óleo cru.

Brasil é pioneiro em bioenergia

Ele lembra que o Brasil é pioneiro em bioenergia, começando pelo etanol de cana e depois o de milho. Atualmente, lidera uma nova etapa focada em combustíveis alternativos. “O que cresce no mundo é energia e proteína”, reforçou.

Além da soja e do biodiesel, o governo aposta na expansão do DDG, grão seco de destilaria. Este é subproduto do etanol de milho e nova frente de exportação. Em 2024, a China autorizou a importação do DDG brasileiro, o que reforça, ademais, as novas possibilidades de mercado.

Já a soja esmagada, rica em proteína vegetal, vem ganhando espaço na alimentação animal. Sobretudo, pode ser alternativa complementar ao farelo de soja em países como China, Índia e no Sudeste Asiático.

Segundo Augustin, o Brasil já exporta volumes pontuais dos dois insumos. Além disso, deve consolidar embarques regulares nos próximos anos. Isso acompanha o avanço da produção de etanol de milho e biodiesel de soja.

Soja brasileira segue dominante

Mesmo com a reaproximação comercial entre Pequim e Washington, a soja brasileira segue dominante. Isso ocorre conforme o custo menor, a escala de produção e a complementaridade entre as safras dos dois países.

Entre maio e outubro, o Brasil exportou mais de 21 milhões de toneladas de soja para a China. Assim, esse volume representa um aumento de quase 40% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a expectativa é de que esses patamares sejam mantidos em 2026, acompanhando a demanda crescente do mercado chinês.

Mesmo assim, Augustin reconhece que o setor produtivo se preocupa com o volume crescente de produção, especialmente pela recuperação de pastagens degradadas para ampliar o plantio. Do lado do setor produtivo, o temor é de mais um ano com alta produção e margens apertadas.

Mas o secretário é otimista e diz que esta é uma forma de fazer o país “atingir novos patamares de eficiência e sustentabilidade”.

“A produção de combustíveis alternativos virou um grande demandador. O Brasil continua sendo potência agro, mas agora também será potência energética”, concluiu.

Fonte: cnn