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Harmonizar vinho com comida brasileira é um desafio saboroso

BAIÃO DE DOIS, FEIJOADA: Como harmonizar vinhos com comidas brasileiras

O desafio é fazer casar o sabor do vinho com a comida

Harmonizar vinho e comida brasileira é um desafio. A bebida fermentada de uva frequenta há tempos as mesas cotidianas do brasileiro. Mas é bem comum pensar em cerveja ou caipirinha, especialmente quando falamos do trivial arroz com feijão ou de clássicos como feijoada e picadinho.

Valorizar o sabor. Esse é um dos principais objetivos da harmonização da comida e vinho.  Incluir o vinho na refeição brasileira pode parecer desafiador, mas existem alguns fatores que precisam ser levados em conta.

Para o prato, pense no conjunto de temperos, sal, gordura e proteínas, nos temperos, Não esqueça de sentir a acidez e o amargor. Cada um desses itens deve casar com as características do vinho: acidez, teor alcoólico, intensidade do corpo, taninos e doçura. Com todas essas informações em mãos, é partir para o ataque de fazer e degustar. Veja algumas composições.

Harmonizar a Feijoada

Famosa por seu apreciado sabor e muitos elementos, o prato também inclui diversos acompanhamentos. São eles: arroz, farofa, couve, vinagrete, etc.

Assim, existem duas alternativas a se observar. A primeira é seguir a regra da união por contraste: por ser um alimento gorduroso e com notas defumadas, combina com um espumante encorpado e de acidez elevada. A outra é seguir com um tinto encorpado com média intensidade e boa estrutura tânica, como os vinhos elaborados com a uva tannat.

Uma das opções, os uruguaios são craques em valorizar o potencial da uva tannat, mas a região da Campanha Gaúcha se mostrou um terroir com muitas virtudes que se espelham ao território vizinho.

Harmonizar a Moqueca Baiana de camarão

Moqueca de Camarao

O crustáceo tem sabor leve e delicado. Adicione ao preparo o azeite de dendê e o leite de coco. Para que todos esses sabores sejam ressaltados, aposte em um branco da uva chardonnay, mas que tenha passado por barricas para ganhar peso e untuosidade.

A sugestão é o paulista Guaspari Chardonnay Vista do Lago 2018, da cidade do Espírito Santo do Pinhal, que foi fermentado em barris de carvalho e estagiou sobre as borras finas (partículas da uva e leveduras) por 14 meses. Isso rendeu complexidade à bebida, mas a manteve fresca, com aromas de frutas cítricas e brancas, além de um final de boca bastante persistente. Agora, a decisão de incluir o coentro na receita fica por sua conta!

Baião de Dois

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Harmonizar com vinho: Baião de Dois

É a cara do Brasil: uma mistura de arroz e feijão, enriquecido com bacon, linguiça, carne seca, queijo coalho, alho, cebola, tomate e ervas frescas. O Baião de Dois, contém muito sabor e boa dose de gordura. Portanto, pode pensar em casar com um tinto com certo toque rústico, bom teor alcoólico e leve toque de madeira, como são os vinhos portugueses do Alentejo ou do Dão.

Mas já que estamos falando de um prato nordestino, por que não fazer uma combinação regional? O Rio Sol Gran Reserva Alicante Bouschet é produzido no Vale do São Francisco, na cidade de Lagoa Grande, em Pernambuco. Imponente, marcante e elegante, passou por nove meses em barrica carvalho francês e tem 13% de álcool. Uma das maiores surpresas do ano.

Picadinho

Picadinho
(Foto: divulgação)

Na harmonização, o tinto é o único candidato, mas ele deve ser simples para não roubar a cena. Prove com o Pedras Altas Pinot Noir 2018, elaborado na Serra do Sudeste, no Rio Grande do Sul. Esse vinho tem mais estrutura que um pinot noir comum, mas com estilo que remete a exemplares da Borgonha. O nome do prato já rima com vinho: embora tenha sido difundido nos botecos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Hoje o picadinho tem uma roupagem mais elaborada, feito a partir de carnes nobres, como filé mignon e alcatra, e caramelizado com um caldo aveludado que também leva vinho no preparo.

Frango com Quiabo

Frango com quiabo
(Foto: divulgação)

De raiz mineira, talvez seja o mais complexo de combinar com vinho. Embora o frango seja uma carne leve, é preciso levar em consideração o tempero picante e o leve amargor do quiabo. A mistura vai bem com um branco da uva gewürztraminer, que tem bom volume de produção na Campanha Gaúcha.

Outra opção é um syrah feito na Serra da Mantiqueira, que tem boa acidez e pouco tanino. Para fugir do óbvio, eu fico com um espumante moscatel, como Garibaldi Moscatel, da Serra Gaúcha.

Esta junção contrasta a doçura da bebida com a intensidade de sabores da comida. E as borbulhas dão o toque festivo à refeição!

Depois de toda essa sofisticação misturada ao popular, vale perguntar: é de lamber os beiços ou não?

Ft: cnn