O lecanemab foi autorizado por meio de uma “aprovação acelerada” do FDA, reservada a terapias de doenças com poucos tratamentos
A Food and Drug Administration (FDA, sigla em inglês), a “Anvisa dos EUA”, aprovou uma medicação para Alzheimer. O lecanemab, nome dado ao tratamento, conseguiu reduzir em cerca de 30% o agravamento dos sintomas das doenças neurodegenerativas. Portanto, pesquisadores consideraram a decisão, tomada na semana passada, como “histórica”.
De acordo com Eric Reiman, diretor-executivo do Banner Alzheimer’s Institute em Phoenix, Arizona, “as descobertas fornecem esperança para pacientes e familiares. Mas também é um passo importante no desenvolvimento de formas bem-sucedidas de modificar e prevenir o início clínico da doença”.
Assim, o lecanemab teve autorização por meio de uma “aprovação acelerada” do FDA, reservada a terapias de doenças com poucos tratamentos.
Medicação para Alzheimer aprovado pela “Anvisa dos EUA”
O resultado do lecanemab teve apresentação pela farmacêutica japonesa Eisai, em parceria com a empresa norte-americana de biotecnologia Biogen. Os dados dos testes clínicos de fase 3, última etapa dos estudos, foram divulgados na revista científica New England Journal of Medicine, em novembro de 2022.
“Havia uma grande expectativa em relação à publicação dos resultados”, disse Paulo Caramelli, coordenador do conselho consultivo da Sociedade Internacional para o Avanço da Pesquisa e Tratamento da Doença de Alzheimer. “Mas o que se viu é que o grupo tratado com o remédio teve uma progressão da doença significativamente mais lenta que aqueles que receberam o placebo.”
Os pesquisadores conduziram o estudo do medicamento com quase 2 mil pessoas, entre 50 a 90 anos, diagnosticadas com Alzheimer em estágio inicial. A equipe avaliou o impacto do tratamento, depois de um período de 18 meses. Segundo o estudo, o lecanemab eliminou as placas de proteína beta-amiloide formadas no cérebro. Compreendidas hoje entre os cientistas como uma das causas conhecidas da doença.
“É a primeira medicação que de fato teve um resultado positivo e trouxe consistência dos dados”, explicou o neurologista Adalberto Studart Neto, da Universidade de São Paulo. “O grande desafio agora é saber se esse resultado se mantém a longo prazo. Mas, certamente, vai ser um divisor de águas neste momento, em que estamos vendo novas formas de tratamento.”
Fonte: agenciabrasil