Afinal, o jejum intermitente funciona?
Se você nunca fez, já deve ter se perguntado se o jejum intermitente realmente funciona. Esta deixou de ser apenas uma prática ligada a tradições religiosas e ganhou espaço para a saúde. A promessa de emagrecimento, melhora do metabolismo e até proteção contra doenças crônicas despertou o interesse de muita gente. Mas o que a ciência realmente mostra até agora?
Pesquisadores têm estudado diferentes protocolos, como o 5:2 (dois dias de jejum e cinco de alimentação livre), o jejum em dias alternados e a alimentação com restrição de tempo, em que a pessoa come apenas dentro de uma janela de horas do dia.
Em todos eles, o princípio é o mesmo. É, em suma, dar ao corpo períodos sem ingestão de alimentos. Isso é para que ele mude a forma como usa a energia. Esse processo se chama metabolic switch. Ele acontece quando o organismo deixa de queimar glicose. Porquanto, ele passa a usar a gordura como principal combustível. Isso gera corpos cetônicos. Estes, afinal, podem trazer benefícios para diversos sistemas do corpo.
Pode reduzir pressão arterial e proteger o cérebro
Os estudos mostram que o jejum intermitente pode ajudar a reduzir a pressão arterial. Além disso, a melhorar o colesterol. Ademais, a aumentar a sensibilidade à insulina. E, por fim, a contribuir para a perda de peso.
Há indícios de que também pode proteger o cérebro, favorecendo a plasticidade neuronal e mostrando efeitos positivos em doenças como Alzheimer e Parkinson.
Em pessoas com diabetes, o jejum intermitente pode ser feito com segurança, mas sempre com acompanhamento de nutricionistas e médicos, já que pode exigir ajustes na medicação e monitoramento rigoroso da glicemia.
Para ampliar a discussão, a nutricionista e pesquisadora Prof.ᵃ Dra. Tatiana Palotta Minari reforçou pontos importantes. Segundo ela, quando o jejum respeita o ciclo circadiano, como nos protocolos em que a janela alimentar se concentra durante o dia, os benefícios metabólicos são maiores: melhora da sensibilidade à insulina, redução da glicemia de jejum, regulação de marcadores inflamatórios e até ativação de processos de renovação celular, como autofagia e mitofagia, que estão associados à longevidade.
Riscos
Tatiana também destacou os riscos. Protocolos muito restritivos podem afetar o eixo hormonal feminino, trazer complicações na gestação e na lactação, além de não serem recomendados para crianças, pessoas com transtornos alimentares, diabetes tipo 1 ou praticantes de atividade física intensa.
A pessoa precisa adaptar a prática ao seu estilo de vida. No caso de quem treina regularmente, por exemplo, protocolos como o 16:8 ou Time-Restricted Eating podem favorecer o desempenho quando a pessoa faz o exercício dentro da janela alimentar. Já treinar em jejum pode ter utilidade em situações específicas, mas profissionais não indicam isso para todos.
No fim, a própria Tatiana lembra que o jejum intermitente é tão eficaz quanto uma dieta equilibrada com refeições ao longo do dia, desde que haja déficit calórico.
A escolha depende da compatibilidade com a rotina, das preferências pessoais e dos objetivos individuais. Mais do que buscar soluções universais, o ideal é transformar o jejum ou qualquer outra estratégia em um hábito sustentável, que respeite o corpo e a vida de cada um.
Fonte: R7