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As dificuldades financeiras e futuro do Bailarino periférico que vai para o Bolshoi

Bailarino periférico de 13 anos é aprovado em Bolshoi

Guilherme de Lima dança desde os 3 anos, mãe cita superação de dificuldades financeiras e moradia em comunidade

O Bailarino periférico que vai para Bolshoi, vive na periferia de Ibura de Baixo (PE). O bailarino Guilherme de Lima, de 13 anos, foi aprovado para estudar na Escola de Teatro Bolshoi, filial do consagrado Teatro Bolshoi da Rússia, em Joinville (SC). A conquista faz “passar um filme” na cabeça da mãe do jovem, que relata como a conquista é sinônimo da superação de dificuldades pela família.

Contudo, para o rapaz que treina até três vezes por dia, desde os três anos de idade, a aprovação representa o alcance de um objetivo. “Quero me tornar um bailarino profissional, poder dar aulas para crianças que não têm muitas condições. Depois, abrir uma academia, virar professor e dançar pelo mundo todo”, lista.

A mãe de Guilherme, Bethânia Rodrigues, conta que o filho demonstra ter nascido com dom para a dança, algo muito intrínseco a ele. Apesar da beleza da vocação, a trajetória do garoto não foi fácil e envolve a superação de discriminação e dificuldades financeiras.

“Ele sofreu muito preconceito, antes mesmo de entrar na dança, já que também morava em uma comunidade e o modo de se expressar é diferente. Ele sofreu agora, quando estava em Joinville fazendo a audição. Um rapaz adotou um comentário chamando ele de gay”, relata Bethânia. Por isso, o rapaz não trabalhava na seleção da Bolshoi, segundo ela.

Para a mãe, diante da situação difícil, “ele [Guilherme] sabe lidar melhor que eu”. O jovem sempre treinou na Escola Fátima Freitas e é descrito como “dedicado, feliz e cheio de alegria” pelos professores.

“Eu chorei muito, muito, porque passou um filme na minha cabeça de tudo que eu venho vivendo esses anos todos. Ou seja, são 9 anos da minha história com o Guilherme na Academia Fátima Freitas”, conta a mãe.

Dificuldades financeiras e futuro do Bailarino periférico para o Bolshoi

Além do preconceito, mãe e filho enfrentaram juntos as dificuldades financeiras que vieram à tona na segunda fase da audição, quando tiveram que ir presencialmente para Joinville, onde teriam que ficar uma semana para Guilherme fazer as aulas. “Fizemos campanha, muitas pessoas se comoveram e nos ajudaram”, conta Bethânia.

Foi após a segunda audição que pessoas próximas receberam a notícia que o garoto havia sido aprovado. O orgulho da família, professores e amigos agora se misturam com a aflição da mudança.

“Sendo um bailarino periférico e agora em Bolshoi, é o sonho de vários bailarinos. É tudo que eu não posso dar a ele, tudo da dança que ele sente vontade de fazer e eu não posso dar, mas o Bolshoi está oferecendo. Para mim é uma felicidade muito grande e, ao mesmo tempo, eu fico triste, porque a dificuldade financeira é muito grande. Eu tenho que ir embora, largar minha vida e começar do nada lá”, diz Bethânia.

Sendo assim, a mulher, que é mãe solo e trabalha vendendo bebidas em casa, conta que da primeira vez que foram para Joinville, fizeram uma campanha para arrecadar dinheiro via PIX. No entanto, a ida definitiva para a cidade ainda é uma incógnita, já que ela não sabe se vai conseguir acompanhar o filho.

“Pretendo ir com ele e alugar um quarto na casa de alguém”, diz ela, frisando que, para isso, teria de alugar a casa onde moram atualmente. Outra opção, seria o rapaz ficar pelas chamadas mães cuidadoras, que cobram um valor para isso.