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Cientistas buscam entender os mecanismos de mutação e variabilidade dos vírus para antecipar o surgimento de outras cepas infecciosas ou a perda de imunidade

Unicamp cria modelo para prever mutações da covid-19

Estudo do Instituto de Física da Universidade da Universidade Campinas simula o processo de replicação do vírus para compreender suas variações

Mutações da covid-19, ou melhor, quanto mais o novo coronavírus circula, maior a chance de ocorrer uma mutação genética. E, assim, o aparecimento de novas variantes que podem prolongar e agravar a pandemia de covid-19. Um estudo de pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de Campinas (Unicamp) simula o processo de replicação do vírus para compreender suas variações.

Os resultados do estudo conduzido por Vitor Marquioni e Marcus Aguiar já estão na revista científica Plos One.

No artigo, os autores ressaltam a importância da vacinação como estratégia para diminuir o surgimento de novas cepas. Segundo eles, as populações que não estão sendo vacinadas e os grupos sociais que se recusam a receber a vacina favorecem o aparecimento de variantes. Os autores fazem ainda um alerta: se não resolverem o problema urgentemente, a pandemia pode ter um novo pico em escala global.

O trabalho recebeu recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Modelo de mutações da covid-19

O modelo desenvolvido pelos físicos baseia-se em quatro variáveis: as pessoas classificadas como suscetíveis, que podem infectar-se pelo vírus; as expostas, que estão infectadas mas não infectam outras; as infectadas que podem transmitir a doença para outras. E as recuperadas que não podem mais ser infectadas. O método, conhecido na epidemiologia pela sigla em inglês SEIR. Trata-se de uma simplificação do cenário para que as possibilidades de mutação e surgimento de variantes do coronavírus possam ser medidas.

Além disso, uma parte do modelo tenta acompanhar as possibilidades de variação da cadeia de RNA, material genético do vírus.

“Nós comparamos os nossos resultados com a inferida evolução genética da SARS-CoV-2 no começo da epidemia na China. E, portanto, encontramos uma boa compatibilidade com a solução analítica do nosso modelo”, destacam os pesquisadores no artigo.

Reinfecções

Os cientistas, nesse sentido, lembram no trabalho que o surgimento de novas cepas a partir das mutações do vírus relaciona-se aos casos de pessoas infectadas mais de uma vez. “Entender os mecanismos de mutação e variabilidade dos vírus é da maior importância para antecipar desafios futuros, como o surgimento de outras cepas infecciosas ou a perda de imunidade”, ressalta o artigo.

Analisaram-se as mudanças genéticas dos vírus no andamento da pandemia em localidades diferentes. Assim, o modelo mostrou que quando há pouca conexão entre regiões, a diferença genética entre os vírus presentes nessas áreas tende a ser maior. Desse modo, “é esperado um aumento no risco de reinfecção nos contatos entre viajantes em territórios distantes”, enfatizam os autores nas conclusões do estudo.

O que mostra, de acordo com os pesquisadores, que a pandemia, com espalhamento da doença por diversas partes do mundo, aumenta muito as chances de variantes que sejam capazes de infectar mais de uma vez a mesma pessoa do que em uma simples epidemia, localizada em um determinado território.

Ft: agenciabrasil